sábado, 16 de julho de 2011

Saúde enferma


Médicos paulistas de seis especialidades vão parar de atender pacientes de planos de saúde a partir de 1º de setembro. A Associação Paulista de Medicina (APM), uma das coordenadoras do movimento, divulgou o cronograma de paralisações, já anunciadas no início deste mês.
Cada especialidade vai suspender o atendimento por três dias. As primeiras serão ginecologia e obstetrícia, de 1º a 3 de setembro. Depois, otorrinolaringologia (8 a 10 de setembro), pediatria (14 a 16 de setembro), pneumologia (21 a 23 de setembro) e cirurgia plástica (28 a 30 de setembro). Os anestesiologistas também vão parar conforme o rodízio das outras especialidades. A APM assegurou que os casos de urgência e emergência serão atendidos.
O cronograma vai até o fim de setembro, mas a associação adiantou que a paralisação é por tempo indeterminado até que as operadoras dos planos de saúde atendam às reivindicações da categoria. Por enquanto, está definido que os médicos vão interromper o atendimento a clientes de seis planos de saúde: Gama Saúde, Green Line, Intermédica, Abet (Telefônica), Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e Notredame. Os profissionais estão em negociação com nove empresas. No dia 10 de agosto, a categoria irá divulgar a lista de planos de saúde que terão o atendimento suspenso
Os médicos paulistas reivindicam valor de R$ 80 por consulta, regularização dos contratos e reajuste anual dos serviços com base no índice concedido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para correção dos planos individuais.
A reivindicação é mais que justa. Os médicos devem estar ganhando uma miséria por consulta das operadoras dos planos de saúde.
Uma coisa que não entendo, porém, é por que eles não criam uma cooperativa de verdade ou não atendam com base na tabela da Associação Médica Brasileira, a AMB. Se fizessem isso, ganhariam bem mais que hoje. O que espanta muita gente de classe média dos consultórios particulares é o alto preço das consultas.
Houve, anos atrás, uma experiência patrocinada pela própria AMB, chamada de Sinam, pela qual os médicos conveniados cobravam a tabela da entidade. Não deu certo, sabe-se lá por que.
Hoje, existem outras iniciativas do mesmo gênero, só que de empresas privadas, como o Sinasa, que é do BMG, que cobra cerca de R$ 40 por consulta médica e preços bem razoáveis para exames laboratoriais. Eles fazem questão de dizer que não são planos de saúde. Não estão, portanto, sob a fiscalização da Agência Nacional de Saúde Suplementar.
É mais que evidente que o Brasil precisa de um sistema de saúde que funcione paralelamente ao SUS, para um público consumidor que deseja um tratamento mais rápido, pessoal e eficiente.
É também evidente que os planos de saúde estão longe de oferecer isso. É só ver como tratam os médicos, que, por sua vez, só fazem amontoar os pacientes nas salas de espera de seus consultórios: gastam apenas alguns minutos numa consulta, nem sabem os nomes de quem estão atendendo.
O protesto dos médicos paulistas talvez não dê em nada. Mas é importante porque é um começo. Quem sabe daqui a pouco tempo não só as operadoras, mas as próprias autoridades percebam que do jeito que está a situação para todos - médicos e pacientes - é muito ruim.

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