terça-feira, 19 de julho de 2011
Liberdade grampeada
O escândalo dos grampos que abala a Inglaterra demole o mito de que as democracias ocidentais são os paraíso da liberdade individual.
Ao contrário disso, mostra que é muito fácil, em sua estrutura, atentar contra os direitos mais básicos do cidadão - com ou sem a participação de agentes do Estado.
O modo de vida das pessoas, a busca incontrolável das empresas pelo lucro, esse caldo de vida anômalo que sustenta o próprio sistema, tudo isso é mais que suficiente para manter a espada de Dâmocles suspensa sobre a cabeça dos cidadãos.
Ajuda a facilidade com que os mal intencionados, os aproveitadores, ou simples escroques, podem usufruir das benesses da tecnologia. Hoje, qualquer pé de chinelo é capaz de se tornar, com meia dúzia de geringonças, um fiel discípulo das habilidades de um James Bond.
A lição que se tira do episódio dos grampos britânicos é que uma democracia nunca está completa, nunca está consolidada, se não houver, permanentemente, quem a defenda de seus maiores inimigos, justamente aqueles que se dizem seus mais intransigentes defensores, e se em sua estrutura não forem reservados amplos espaços de controle popular para evitar que distorções banais se tornem crimes monstruosos.
Parece um paradoxo, mas as evidências apontam que esse é o único caminho para preservar esse sistema social que pressupõe o domínio da vontade da maioria sobre a minoria.
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Sou "cria" da guerra fria. Naquela época assistíamos a muitos "filminhos" americanos sobre espionagem e similares. Mas era SEMPRE nos países "comunistas" e somente neles que se vigiava a todos os cidadãos, fossem importantes ou não afinal, os EUA e Europa ocidental se auto-denominavam "mundo livre"....
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