domingo, 22 de maio de 2011

Fotografia do emprego


Para saber qual é mesmo a situação do mercado de trabalho no país, que vem exibindo mês a mês uma exuberância nunca vista antes, contrariando a tese de muitos analistas, que esperavam uma retração no nível de emprego, depois das medidas governamentais para esfriar a economia, o Ministério do Trabalho vai lançar uma nova pesquisa. Segundo o ministro Carlos Lupi, o governo precisa de uma “fotografia mensal” do emprego formal em todo o país, para orientar as políticas públicas da área. Lupi disse que, para isso, o Ministério do Trabalho criará até o fim do ano a Taxa de Emprego Real, que vai revelar esse cenário e contribuir para as decisões do governo relacionadas a seguro-desemprego e à qualificação do trabalhador, por exemplo.
Segundo matéria da Agência Brasil, a composição do novo índice, que ainda está em fase de estudo, vai considerar informações que já existem no banco de dados do ministério. Uma das fontes será o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), com informações sobre admissões e demissões, fornecidas, mensalmente, por mais de 7,3 milhões de empresas. A taxa também vai considerar dados das 3 mil agências de atendimento do Sistema Nacional de Emprego (Sine) e da Relação Anual de Informações Sociais (Rais).
“Do cruzamento dessas informações vamos ter uma taxa de desemprego formal real, ou seja, vamos saber quem está procurando emprego, que tipo de emprego está faltando, qual emprego está surgindo, quem tem qualificação, onde está faltando qualificação e o que o trabalhador busca”, ressaltou o ministro. Para Lupi, o novo índice não se chocará com a taxa de desocupação divulgada atualmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“O IBGE trabalha com pesquisas e trabalhamos com dados da fotografia real de todo o Brasil. O IBGE trabalha com regiões metropolitanas. Esse dado [Taxa de Emprego Real] vai dar uma fotografia das 27 unidades da Federação”, destacou. “São questões diferentes, dados diferentes e momentos diferentes. Os dados do Caged e do Sine são do que acontece no mercado de trabalho”, ponderou Lupi.
O levantamento feito pelo IBGE – divulgado desde 1980 e que passou por uma revisão em 2002 para atender a orientações da Organização Internacional do Trabalho (OIT) – considera os dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), que é feita em seis regiões metropolitanas do país (Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Recife, Salvador e São Paulo). Essa taxa revela informações sobre mercado de trabalho em curto e médio prazos, comparando os resultados mês a mês e ao mesmo mês de anos anteriores.
O gerente da PME, Cimar Azeredo, disse que “hoje é visível a necessidade de um índice nacional”, por causa das mudanças ocorridas no país desde 1980, como a maior distribuição do emprego. “Você tem Manaus com força maior, o Centro-Oeste, que não tem nenhuma unidade de Federação incluída no índice”, exemplificou.
“Hoje a gente consegue ter dados uma vez por ano pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios [Pnad, pesquisa nacional que revela níveis de rendimento e ocupação e geração de postos com carteira de trabalho]. Mas não é uma pesquisa conjuntural”, disse ele, que é representante do IBGE no grupo formado pela OIT que reúnes cinco países em torno do debate sobre trabalho decente.
Azeredo, porém, lembra que o IBGE já indicou a intenção de ampliar o levantamento sobre a taxa de desocupação. O instituto vem desenvolvendo um estudo para tornar esse índice trimestral, com divulgação mensal sobre capitais, e com abrangência de todo o país, incluindo as áreas urbana e rural. Segundo ele, o projeto está sendo desenvolvido com a participação da sociedade, de acadêmicos e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e vai passar a oferecer um cenário nacional. Mas será mantida a característica que o levantamento já traz hoje, que é um cenário mais geral do mercado.
“O Caged, por exemplo, é uma pesquisa que só considera emprego registrado. No caso das pesquisas domiciliares, a gente atinge não só emprego com carteira assinada, mas emprego informal também, cuja parcela no país é bastante expressiva”.
“[Com a pesquisa domiciliar] eu pego tanto o rendimento daquela pessoa que trabalha numa barraca de praia, quanto de um empresário, de um funcionário público, de um policial ou jornalista. Essa é a grande vantagem da pesquisa domiciliar que tem uma penetração no cenário da ocupação de uma forma geral sem fazer restrições sobre o trabalho registrado ou não registrado”, completou Azeredo.

Um comentário:

  1. Que coisa gosada , quando eu comecei a trabalhar a mais de 20 anos , eu tinha que sair a rua perguntando se havia vaga . Esta semana aqui em minha cidade , um carro de som circulou por dois dias anunciando que uma destilaria de alcool estava contratando e com urgência mão de obra para a safra que se inicia .
    Hoje os trabalhadores do corte da cana possuem registro em carteira , tendo assim seus direitos assegurados e mais , as empresas são obrigadas a fornecer banheiro químico na roça , facões , caneleiras , óculos de segurança e os onibus que transportam os trabalhadores tem que ter água gelada , compartimento especial para ferramentas e um toldo para proteger o trabalhador do sol na hora das refeições , e olha que são duas paradas durante a jornada .
    Enfim , oque quero dizer é que quando falta mão de obra para um trabalho não especializado ( não descosiderando os bóias-frias , também cortei cana e naquele tempo só tinhamos a carteira assinada) , e´que algo acontece na economia ou a usina não é boa pagadora , aliás até para a colheita do tomate há falta de mão de obra , tenho dois amigos que sempre resistiram ao trabalho formal , por temerem ter sua liberdade cerceada ( poder faltar ao trabalho quando bem entender ), pois é , ambos estão trabalhando na cidade e com carteira assinada . Isto é sinal que mesmo com o governo Dilma injetando juros na veia da economia e a mídia de mercado aterrorizando com a volta da inflação , os trabalhadore estão consumindo e não estão dando a mínima para os profetas do caos .
    Para nós pobres mortais , não é nescessário consultar os dados do IBGE para ver que estamos em pleno emprego , basta procurar um pedreiro para um pequeno reparo em casa e ver que este profissional está em falta e quando aparece , cobra caro .

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