Enquanto isso, a construtora WTorre põe abaixo o estádio Palestra Itália, do Palmeiras, para construir em seu lugar uma moderna arena multiuoso, com entrega marcada para 2013, ou seja, a tempo de receber tanto os jogos da Copa das Confederações quanto os da Copa do Mundo.
Essa obra pode, para o tradicional clube fundado por imigrantes italianos, representar um magnífico salto de modernidade: durante 30 anos, sem ter investido praticamente nada, o Palmeiras, calcula-se, deverá faturar cerca de R$ 1 bilhão dos royalties de todas as atividades da arena. A WTorre, pelo contrato feito, tem o direito de explorar o empreendimento por três décadas, destinando ao clube, de forma crescente, uma parcela de todas as receitas. Findo o prazo, a arena passa automaticamente para o Palmeiras, que poderá usá-la como quiser.
É um baita negócio. A cidade de São Paulo precisa, urgentemente, de obras desse tipo. Há uma carência enorme de locais de entretenimento. Por isso, dificilmente projetos como a arena do Palmeiras, ou o Itaquerão, o um renovado Morumbi, ficarão às moscas, como muitos dizem.
Só que existe um problema para que esse cenário de sonhos se realize: contrariando toda a lógica, há no próprio Palmeiras gente que luta, desesperadamente, pelo fracasso da obra. Esse pessoal integra um grupo político liderado pelo ex-presidente Mustafá Contursi, próximo à atual administração, e adversário figadal do professor Luiz Gonzaga Belluzzo, o ex-presidente que acertou todos os detalhes do contrato com a WTorre.
A situação chegou a tal ponto que, diariamente, a imprensa noticia o acirramente de ânimos entre a construtora e a diretoria palmeirense. Acusações são trocadas, publicamente, de lado a lado. Quem é alheio à vida política do clube não consegue entender como os próprios dirigentes podem ser contrários a uma obra que causa inveja a todos os adversários.
O episódio dá razão àqueles que apostam que o futebol brasileiro nunca irá superar o incrível amadorismo com que é conduzido. E serve ainda de exemplo de como se processam, em várias instâncias, as relações de poder, guiadas, muitas vezes, apenas pela ambição de um grupo, em detrimento do benefício da sociedade que dizem representar.
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