País do Carnaval

Carnaval bom é o do Rio, o de Salvador, o de Recife/Olinda. O resto não existe, segundo o estereótipo  disseminado pelos meios de comunicação.
Carnaval, antes de mais nada, além de uma festa popular, é um estado de espírito. O sujeito pode entrar no clima até mesmo em Belo Horizonte, onde, dizem os de lá, o desânimo é a marca registrada.
Carnaval também é um excelente negócio, atrai turistas de fora para o país, faz os brasileiros viajarem em busca de diversão, movimenta as vendas de bebidas, lota os hotéis de muitas cidades, ajuda, enfim, a roda da economia a girar mais depressa.
Carnaval, portanto, ao contrário do que muitos pensam, é muito importante.
Tão importante, como, por exemplo, o futebol, embora os dois sejam vistos apenas como um mero entretenimento para as massas.
Quem, como eu, vive num grande centro urbano, tende a ver o mundo a partir de um ponto de vista etnocêntrico.
O Carnaval é um bom antídoto para essa deturpação.
É que ele existe no Brasil todo, está presente em qualquer cidade, seja ela do tamanho que for, esteja onde estiver. E isso nos lembra que a vida inteligente, criativa, rica, fecunda, não se encontra apenas em São Paulo, Rio, em Salvador, no Recife, ou outra capital badalada.
É impressionante a nossa ignorância do que ocorre no Brasil real, esse que existe além dos gabinetes das autoridades, das manchetes dos jornais, das novelas da televisão.
É impressionante como esse Brasil real cresce e se desenvolve, apesar do pedantismo de uma minoria, que ainda hoje o vê como inferior, um pobre-coitado sempre necessitado de uma ajuda do primo rico.
Ao contrário. De certa forma, hoje esse parente enjeitado dá lições de como a vida poderia ser melhor para todos se alguns preceitos básicos de civilidade e educação fossem seguidos.
A seguir estão algumas fotos do Carnaval de Serra Negra, estância turística do Circuito das Águas paulista, a cerca de 180 quilômetros da capital.
Imagino que seja parecido com o de milhares de outros que foram festejados nesses dia pelo Brasil afora. Embora longe do padrão Globo, ele é uma prova inequívoca de que a beleza tem inúmeras formas e a sinceridade ainda é uma virtude capaz de comover o ser humano.