segunda-feira, 21 de março de 2011

O melhor e o pior


Brasil e Estados Unidos são países muito diferentes. Na língua, no clima, na religião, na música, na comida... Poderia citar centenas de hábitos culturais diversos, mas não é o caso. O interessante mesmo é perceber que o maior fosso que separa os dois países está situado na cabeça das pessoas. Pode parecer pouco, mas não é.
O americano nasce, vive e morre achando que seu país é o melhor do mundo, a terra da liberdade, a terra da oportunidade, lugar fantástico onde todos são iguais perante a lei, onde o mais humilde cidadão pode se tornar um milionário, um artista famoso, um atleta superdotado, um presidente da República.
No Brasil ocorre justamemte o contrário. Aqui, logo depois que nascemos já temos a mais firme das convicções de que vamos passar o resto dos nossos dias num local amaldiçoado, de profundas desigualdades econômicas e sociais, dominado pela corrupção em todos os níveis, onde o sujeito só se dá bem se cair na marginalidade, se for mais esperto que o outro, se explorar até não poder mais seu empregado, se sonegar os impostos etc e tal.
Nos Estados Unidos, quase toda a indústria cultural e de entretenimento despudoradamente ganha dinheiro enaltecendo os valores da nação. De vez em quando aparece alguém que contesta o sistema, mas, invariavelmente, acaba cooptado por ele. Vide o próprio presidente Barack Obama, eleito sob um manto de esperanças e promessas, mas já perfeitamente integrado ao establishment, seja na linguagem, seja nas ações.
A classe média americana realmente acha que vive no paraíso. E quando a situação aperta, o governo arranja uma guerra qualquer para despertar o sentimento patriótico, joga umas centenas de bombas em alguma população miserável deste mundo, e tudo se resolve.
O americano deve ser o povo mais nacionalista do planeta. E faz desse sentimento o motor para o seu progresso. Tem de ser sempre o primeiro em tudo, não admite perder nem par ou ímpar. Quer mandar em todas as coisas, precisa impor a todos os seu valores, a sua "democracia", por qualquer meio possível, porque, acima de tudo, a prioridade dos Estados Unidos é manter-se como superpotência, acima do bem e do mal.
Enquanto isso, nós brasileiros cultivamos esse complexo de inferioridade que, como doença, contamina geração após geração, nos fazendo acreditar que nosso destino é esse mesmo, o de ficar sempre macaqueando os primos ricos do norte, nos contentando com os restos que a civilização branquinha lá da parte de cima do mundo nos presenteia.
A história está repleta de exemplos de povos que se julgavam invencíveis e foram sobrepujados por outros, num sobe e desce interminável.
Não há lei universal que determine que alguns são melhores que outros. O Brasil de hoje é muito diferente do país de alguns anos atrás e pode, se continuar nessa sua trajetória de seriedade e trabalho duro, se ombrear às nações mais afortunadas do mundo. Quem sabe algum dia esse monstruoso complexo de vira-latas será apenas lembrado como uma referência literária, deixando de ser esse enorme empecilho para o nosso crescimento rápido e saudável.

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