quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

De volta aos trilhos

Depois de dar declarações conflitantes durante a campanha eleitoral, o governador Geraldo Alckmin afirmou ser  favorável à construção do trem-bala que vai ligar Campinas ao Rio de Janeiro. O projeto está sendo tocado pelo governo federal e tem todo o apoio da presidente Dilma, que foi uma das pessoas que mais brigaram para que a obra finalmente saísse da fase de planejamento.
A mudança de opinião do governador paulista pode ser um indício de que ele já começou a vestir, ao menos publicamente, seu novo figurino de político de centro, à feição do partido que ele e alguns outros tucanos querem reiventar. Nas respostas que deu aos entrevistadores da rádio Bandeirantes, Geraldo foi extremamente cordato com o governo federal - nem parecia um governador da oposição.
Certo é que nessa questão do trem-bala parece que a ficha finalmente caiu: o projeto não tem nada de mirabolante, como dizem alguns de seus críticos. Está mais que na hora de o país ampliar a sua malha ferroviária, tanto de carga como de passageiros - esta inexistente - para desafogar o transporte rodoviário e aéreo.
É só pegar o exemplo da China, país tão grande quanto o Brasil, que tem feito investimentos pesadíssimos nos trens de alta velocidade e está prestes a inaugurar a linha entre Pequim e Xangai, corredor dos mais movimentados do mundo. Lá, o governo pretende que os trens-balas atinjam 90% da população - ou seja, apenas aquelas localidades mais ermas, escondidas, não serão atendidas pelo serviço.
O que não dá para entender, na verdade, é que os governantes brasileiros tenham desistido tão rapidamente do modal ferroviário num passado não tão distante e escolhido o caro e poluente modelo rodoviário para ser o principal num país continental.
Hoje, felizmente, esse erro crasso de planejamento está sendo corrigido, com as obras de várias ferrovias, como a Norte-Sul, a Transnordestina, a Ferrovia da Soja e a Leste-Oeste, em andamento. Isso pode ainda ser pouco para as enormes carências do país, mas é sinal de que o bom-senso voltou a imperar nos nossos governantes.

Um comentário:

  1. O abandono das ferrovias no Brasil se deu graças ao fortissimo lobby das industrias fabricantes de caminhões, principalmente a Mercedes-Benz, sobre o governo militar.
    Os milicos compraram a idéia e começaram a desativar tudo quanto era ferrovia, priorizando o asfalto, chegando ao abandono total.
    Só depois viram Scania, Volvo e quetais...
    Como se vê agora, foi uma péssima escolha, mas naquela época, quem teria coragem de contestar os "homens de verde-oliva"???

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