Pobres e miseráveis

O comentário do tal Prates na RBS de Santa Catarina, que não se conforma que "miseráveis" saiam dirigindo por aí seus próprios carros, infelizmente não é um sentimento isolado de um maluco preconceituoso.

Ele é forte na classe média, que cultiva a mesma percepção de que se os pobres se contentassem em ficar no "seu lugar", o mundo seria bem melhor.

Outro dia mesmo ouvi uma observação desse tipo de uma pessoa que tem todos os motivos para não fazê-la: estudou em ótimas escolas, está muito bem empregado, é inteligente e coisa e tal. Mas ele também acha que se as estradas e as ruas da cidade estão cheias de carros, a culpa é de quem os compra. No caso, dos "miseráveis".

Há algum tempo o jornal Globo publicou uma reportagem que constatava, em tom indignado, que boa parte da população atendida pelo Bolsa Família estava comprando.... eletrodomésticos!

E uma certa "cientista social" com horário na rádio CBN e generoso espaço no mesmo Globo não foi capaz de dizer que se houvesse um "apagão" no país a culpa seria de Lula, que havia reduzido a tributação de ventiladores e aparelhos de ar-condicionado? "Ele não sabe que existe verão todo ano?", perguntou a moça.

A conclusão da história é que, se por um lado o preconceito contra pobres, negros, homossexuais, nordestinos etc etc é coisa velha, por outro parece que setores da nossa sociedade expõem agora mais um, contra a mobilidade social.

Eles estão simplesmente apavorados com a ideia de que os "miseráveis" deixem de viver na miséria e os "pobres" acabem se tornando remediados.

É de lascar!