domingo, 7 de novembro de 2010

O voto "oportunista"


Um dos argumentos mais usados para desqualificar a votação obtida por Dilma Rousseff é que grande parte de seus eleitores nordestinos, principalmente, estaria trocando seus votos pelos benefícios recebidos pelo programa Bolsa Família. Esse seria, então, um "voto oportunista", que não pode ser comparado com o dado ao tucano José Serra, concentrado na região Sul/Sudeste, mais rica, e, por consequência, com menos influência do assistencialismo governamental.
Não é preciso nem levar em consideração o fato de que o Brasil - e todas as nações ditas civilizadas - adota o conceito do sufrágio universal, que parte da ideia de que todos os adultos, seja lá sua condição social, têm direito de votar, para demolir essa argumentação, preconceituosa na raiz.
Basta aplicar esse mesmo raciocínio, de que o voto "oportunista" vale menos que o "ideológico", para os eleitores de Serra.
Quem votou majoritariamente nele foram as pessoas do estrato social mais elevado, os mais ricos, que escolheram Serra porque, em sua opinião, era ele o mais capacitado para manter os seus privilégios - os ricos, como se sabe, usam os mais diversos artifícios para pagar menos imposto, exploram comumente a mão de obra, vivem em guetos, desprezam a mobilidade social, e vêem no rentismo a perfeita expressão do capitalismo moderno.
Por que, então, diferenciar o voto que foi dado a Dilma pelo miserável que se alimenta com o dinheiro do Bolsa Família do voto que foi dado a Serra pelo burguês que vê no governo Lula uma ameaça ao seu patrimônio?
Os dois não estão, simplesmente, olhando seus próprios interesses?
Por que o interesse de um vale mais que o interesse do outro?
São hipocrisias desse tipo que precisam acabar no Brasil para que a discussão política ganhe um nível mais elevado, acima dos meros chavões e dos preconceitos.

3 comentários:

  1. Muito bem pensado meu caro. Levando em conta que a maioria pode ser beneficiada com a vitória da Dilma e possível continuidade do governo, dessa forma, vejo que se torna mais ideológico de fato para os que votaram na Dilma,e oportunismo egoísta para os que votaram no SerraRojas.

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  2. Tem muita gente pobre que votou no serra.Na cidadezinha do RS onde moro não tem ricos,não tem elite e serra empatou com Dilma.Não se enganem pensando que pobre não votou em serra porque não é verdade.Votaram nele até pessoas que recebem Bolsa Familia iludidos pelo decimo terceiro da mesma.Votaram pela promessa de 600 reais de SM.Mas o grande fator aqui é que praticamente a metade dos moradores são evangélicos e foram induzidos a votar no Serra por seus pastores.A propaganda mentirosa do serra deu resultado entre os pobres,são pessoas pouco esclarecidas politicamente,tem uma religiosidade muito acentuada e seguem seus líderes espirituais.Acreditam mais neles do que em familiares ou amigos.Na cidade vizinha serra ganhou e também é uma cidade do interior,com a maioria dos habitantes classe C e D.Foram muitas as pessoas que acreditaram que a Dilma era terrorista, que se foi presa é porque era criminosa e não tinham como saber a verdade porque só assistem o JN que todos sabem de que lado estava e que tipo de notícia dava.Claro que essas pessoas todas ou quase todas aprovam o Lula e votariam nele se possível,mas era tanta informação negativa contra Dilma que na dúvida votaram no serra.

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  3. É o PIG que está incendiando as cabecinhas desses patricinhas e mauricinhos, supostamente ofendidos em seu senso estético colonizado, ao esconder a informação segundo a qual, mesmo sem o Nordeste, no "sul-sudeste maravilha" Dilma ganharia por mais de quatrocentos mil votos. Minas e Rio foram decisivos. Esses camarões, frutos do apartheid à brasileira, não tem é coragem de expressar sua ignorância no mesmo tom boçal e truculento (ops, redundância!) aos mineiros e cariocas. Desinformação também é uma maneira de se propagar o ódio já repudiado por nossa sociedade!

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