Escuto meu amigo, assessor de imprensa de uma secretaria estadual, reclamar dos jornais:
- Sai uma matéria cheia de erros, eu mando uma carta para retificá-los, e nas poucas vezes em que ela é publicada, ninguém nem sabe mais do que se tratava, tanto tempo que passou.
Conta ainda que em muitas ocasiões o repórter só ouve um dos lados, nem pede para entrevistar o seu chefe. Arremata dizendo que chegou a ouvir de um editor que seu jornal não iria publicar a resposta que havia enviado porque caberia ao leitor julgar se a notícia era ou não verdadeira:
- Como ele poderia julgar, se só um lado foi ouvido?, perguntou.
Ouço as suas queixas e quando ele se acalma, digo que essa situação foi criada pelas empresas, que fizeram um lobby tremendo para derrubar a Lei de Imprensa como forma de fortalecê-las, e que o direito de resposta é uma das condições básicas para que o jornalismo não sofra as distorções que o afaste de sua real missão.
Tomo fôlego e vou em frente:
- Se você, que fala com os jornais em nome de um secretário poderoso, se diz prejudicado pela imprensa, imagine o que passa o cidadão comum.
E a partir daí, resolvemos comentar o resultado do futebol.
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