Quando aparecem essas denúncias sobre corrupção, o bandido é só um: o sujeito do governo, o burocrata, que recebeu a propina. O outro lado, o corruptor, o agente do mal-feito, esse é sempre o "bonzinho" da história.
Ora, quem corrompe também tem culpa no cartório: a corrupção não existiria se não existissem tipos como esses que surgem aí às vésperas de eleição, indignados porque os negócios mirabolantes que imaginavam não saíram como o planejado.
Um belo dia, numa conversa com um amigo que assessorava uma grande empresa nacional, fiquei conhecendo alguns detalhes sobre como funcionam essas coisas. Nosso diálogo foi mais ou menos esse:
- Fui com o Agenor (nome fictício) para Brasília, pois tinham nos dito que o Sebastião (nome fictício de um deputado federal) poderia ajudar na instalação da unidade que estavam querendo construir no Paraná.
Esclareço: determinada cidade do Paraná oferecia um pacote de isenções fiscais para investimentos daquele tipo.
Ele continuou:
- Você não imagina o quanto esses políticos são podres... Não ficamos nem cinco minutos na sala do sujeito. Ele simplesmente disse assim, depois que explicamos o que queríamos: "Olha, vocês acertam tudo na outra sala com o meu secretário." Estava pedindo propina na maior cara dura...
- E vocês pagaram? - perguntei.
Ele desconversou:
- O negócio acabou não saindo...
Fico pensando em quantos "negócios" desse tipo não são feitos todos os dias no Brasil, quantos empresários, pequenos, médios e grandes, procuram políticos, administradores ou servidores públicos para comprar "facilidades". O número deve ser enorme, a corrupção está infiltrada em todos os setores da sociedade, em todas as classes sociais, faz parte da nossa cultura.
É como diz o provérbio: atire a primeira pedra quem nunca...
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