Um dos temas preferidos do candidato tucano à Presidência, José Serra, ultimamente, tem sido a situação das rodovias no país.
Como ele sabe da insatisfação do eleitor paulista com os valores dos pedágios cobrados no Estado, Serra, espertamente, tem levado a discussão para outro ponto: a sua tática é elogiar as condições das estradas de São Paulo, quase todas elas nas mãos de concessionárias - que cobram os altos pedágios - e esculhambar as rodovias federais.
O problema todo é que Serra não fala a verdade. Na entrevista ao Jornal Nacional, ele discorreu longamente sobre o assunto. E disse uma porção de lorotas:
"No caso de São Paulo, tem uma pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes, um organismo independente: 75% dos usuários das estradas do Brasil acham as paulistas ótimas ou boas. 75%, um índice de aprovação altíssimo. Isso para as federais é apenas 25%. De cada dez estradas federais, sete estão esburacadas. São as rodovias da morte. Na Bahia, em Minas, BH, Belo Horizonte, Governador Valadares, em Santa Catarina. Enfim, por toda a parte. O governo federal fez um tipo de concessão que não está funcionando."
"Eu acho que pode ter uma estrada boa que não seja cara, se você trabalhar direito. Por exemplo, a concessão que eu fiz da Ayrton Senna. O pedágio anterior era cobrado pelo órgão estadual. Caiu para a metade o pedágio."
"Esse modelo que diminuiu pode ser adotado, porque você tem critérios para ser examinados. O governo federal fez estradas pedagiadas. Só que estão, por exemplo, no caso de São Paulo, a Régis Bittencourt, que é federal, ela continua sendo a rodovia da morte. E a Fernão Dias, Minas-São Paulo, está fechada. Você percebe? Nunca o Brasil esteve com as estradas tão ruins. Agora, tem mais: em 1000 é, é, no começo de 2003 para cá, foram arrecadados R$ 65 bilhões para transportes, para estradas na Cide. É um imposto. Sabe quanto foi gasto disso pelo governo federal? Vinte e cinco. Ou seja, foram R$ 40 bilhões arrecadados dos contribuintes para investir em estradas do governo federal que não foram utilizados. A primeira coisa que eu vou fazer, William, é utilizar esses recursos para melhorar as estradas. Não é o assunto de concessão que está na ordem do dia. É gastar. É entender o seguinte: por que de cada R$ 3 que o Governo Federal arrecadou, foram 65, ele gastou um terço disso? É uma barbaridade."
O blá-blá-blá de Serra se concentra na pesquisa da CNT de 2009. Mas basta examinar o estudo para ver que o candidato ou não o leu, ou não o entendeu, ou, pior, leu, entendeu e divulga dados completamente diferentes.
Se não, vejamos: a pesquisa considerou 47,8% das estradas federais em condição regular, 14,3% como ruim, 4,8% em péssimo estado, 21,3% em boas condições, e 11,8% foram definidas como ótimas.
Como se vê, números totalmente diversos dos apresentados em várias entrevistas e no Jornal Nacional.
Outra mentirinha do tucano: a Régis Bittencourt há muito não é mais, como diz, a "rodovia da morte". A pesquisa da CNT a classifica como "ótima".
E mais uma: a Fernão Dias não está fechada coisa nenhuma e é classificada como "boa" pelo estudo.
E por aí vai.
Já quanto ao pedágio da Ayrton Senna... Bem, ele esqueceu de dizer que o preço caiu pela metade porque passou a ser cobrado nas duas direções.
Depois da invenção da internet a mentira passou a ter pernas ainda mais curtas.
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