quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Ignorância, má-fé


Consegui ver somente ontem a entrevista de Dilma Rousseff ao Jornal Nacional. O que mais me chamou atenção foi a ignorância do apresentador com relação ao desempenho da economia brasileira.
A tese que sustentou, de que os países vizinhos, especialmente Uruguai e Bolívia, crescem com mais vigor que o Brasil, assim como os outros integrantes do Bric - Rússia, Índia e China -, parece ter saída da cabeça de algum maluco ou alienígena.
Comparar as economias do Brasil com a de outras nações sul-americanas, Argentina incluída, é uma piada de mau gosto. Ainda bem que a candidata explicou ao casal de apresentadores que o PIB boliviano, ou o uruguaio, pode ser comparado, quando muito, ao de alguns Estados brasileiros.
A Rússia, também explicou, está mergulhada desde fim de 2008, quando começou a crise econômica global, em dificuldades imensas. Índia e China continuam a se expandir a taxas altas, mas têm um sistema político e econômico completamente diferente do ocidental, e por isso a comparação fica prejudicada - ou o famoso "casal 20" global pretender trabalhar numa sociedade como a chinesa?
Se a entrevista tivesse mesmo a intenção de esclarecer os espectadores sobre os conhecimentos e o preparo da ex-ministra, a ela deveria ter sido perguntado, por exemplo, o que o Brasil fez para que superasse tão rapidamente a crise mundial, ao contrário das nações desenvolvidas, que estão até agora patinando em taxas irrisórias de crescimento econômico.
A expectativa dos analistas é que o PIB brasileiro se expanda, este ano, no mínimo 6,5%, um número que, por si só, atesta a boa saúde da economia do país.
Claro que o popular casal de apresentadores não tem a obrigação de ser especialista em todas as matérias que diariamente aborda. Mas seria razoável que, ao entrevistar uma personalidade tão importante quanto a candidata situacionista, tivesse se preparado minimamente.
É impossível que a produção do Jornal Nacional, repleta de zelosos e competentes profissionais, não saiba a enorme diferença que existe entre o Brasil e a Bolívia ou o Uruguai. Cometer um erro tão primário como esse não é um atestado de burrice, mas sim de má-fé.

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