sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Liberdade de empresa


Volta e meia aparece alguém, jornalista ou diretor de jornal, defendendo a tal "liberdade de imprensa".
Outro dia mesmo li algo sobre o assunto, de autoria da presidente da Associação Nacional dos Jornais, a entidade patronal que, entre outros "bons" serviços prestados, fez lobby fortíssimo para derrubar a Lei de Imprensa e a obrigatoriedade do diploma universitário específico para os jornalistas.
A tal senhora, executiva da Folha, escreveu um artigo para, mais uma vez, dizer que a "liberdade de imprensa" corre sérios riscos no Brasil, por causa de difusas propostas para o controle social da mídia, e que, em vista disso, o patronato deve, o quanto antes, partir para a "autorregulamentação", nos moldes do que se faz na área publicitária.
Claro que o pretexto para o artigo da tal senhora é uma bobagem total. O controle social da mídia proposto por tantas entidades sociais e partidos políticos não exclui, de maneira nenhuma, a liberdade de imprensa.
O que grande parte da sociedade brasileira deseja é que a imprensa tenha os mesmos deveres de todo o mundo, não fique acima das leis, como agora, e compreenda que deve se sujeitar a regras inerentes à vida democrática. Deve buscar o lucro, sem dúvida nenhuma, mas por meios éticos e transparentes.
Já quanto a essa história de "autorregulamentação", basta conhecer um pouquinho só os nossos patrões da área da informação para ver que essa é uma piada de muito, mas muito mal gosto.
Qualquer profissional com o mínimo de experiência já passou pelo constrangimento de ter de escrever ou editar uma matéria "a pedido" do dono do jornal, algum texto para levantar a bola de amigos da casa, para favorecer uma ou outra empresa. E, de modo inverso, teve vetada alguma reportagem que contrariasse os interesses do patrão.
Porque, no fundo, sem meias palavras, é essa a tal "liberdade de imprensa" que eles tanto querem preservar.

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