terça-feira, 24 de agosto de 2010

Pedágio, a obsessão

A cada dia, a crônica da campanha eleitoral fica mais rica, especialmente aquela dedicada ao candidato demotucano, José Serra. São frases, gestos, detalhes, que mostram a incrível capacidade que o ser humano tem de piorar o que já é ruim.
Em Sorocaba, na segunda-feira, Serra cumpriu o ritual melancólico que tem sido a sua peregrinação diária para conquistar votos. Foi recebido pelos cabos eleitorais, saiu a andar no centro da cidade, cumprimentando, a seu feitio esquivo, passantes, comerciantes e outras vítimas ocasionais.
As andanças de Serra costumam ter essa característica de serem acompanhadas mais por profissionais - imprensa e políticos - do que por apoiadores, pois existem apenas para servir de cenário de sua propaganda na televisão e das notícias que pretende criar com suas declarações quase sempre infelizes.
E uma delas, embora não tenha ido para o título das matérias, merece um registro, pois é exemplo perfeito do que a candidatura Serra representa para o país: a volta daqueles que julgam ser o Estado um mero instrumento a serviço do capital.
Notícia da Agência Brasil dá mostra do que pretende fazer, caso se eleja: "Na entrevista concedida aos jornalistas, ao final da caminhada, Serra também afirmou que fará mudanças nos pedágios federais. 'Os pedágios federais hoje são inclusive uma fraude. Não tiveram investimento nenhum nas rodovias federais', disse."
A concessão das estradas federais, todos sabem, foi feita pelo sistema de menor preço, ou seja, ganhou a licitação quem se comprometeu a cobrar pedágio menor dos motoristas. Os editais previam, porém, investimentos nas rodovias, algo que vem sendo cumprido.
Qualquer motorista acostumado a trafegar entre São Paulo e Belo Horizonte ou São Paulo e Curitiba sabe como eram e como estão essas estradas antes e depois de serem licitadas e a diferença nos valores pagos nos pedágios em relação às rodovias paulistas.
Já no Estado de São Paulo ganhou a concessão quem pagou mais para o governo. O custo baixo do pedágio não era prioridade na concessão - por isso os valores abusivos cobrados hoje pelas concessionárias.
Ao dizer tal coisa - que gostaria de levar o modelo de concessão paulista para as obras da União -, Serra demonstra o seu pouco caso com a questão social. Para ele, o mais importante é fazer caixa, engordar os cofres do Tesouro, nem que isso possa, futuramente, prejudicar a população.
É o seu estilo, um jeito de governar que, felizmente, encontrou um contraponto nas duas gestões de Lula.

2 comentários:

  1. Pois pois!
    Lascívia incontrolável por cremar o legado de Vargas misturado com neoliberalismo...
    triste!

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  2. Outro dia passei pelo Rodoanel e fiquei assustado. É um pedágio atrás do outro.
    Como é que pode uma coisa dessas? Você paga mais do que deveria e têm estradas medianas.

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