A passagem de José Serra pela redação da Folha como articulista, se não foi o suficiente para torná-lo um jornalista, pelo menos serviu para que incorporasse ao seu vocabulário alguns jargões da profissão.
"Lead" é o que mais gosta de exibir. Sempre que pode, ele solta um "lead" - para os não iniciados, o "lead", ou lide, é a cabeça da notícia, onde, diz o bom-senso, deve estar a informação principal.
Hoje, numa de suas andanças de campanha, ele voltou a evocar o lead, ao ser inquirido pelos repórteres sobre o que achava das últimas pesquisas eleitorais, que dão à sua adversário Dilma Rousseff uma vantagem que varia de 16 a 18 pontos percentuais.
Segundo o relato insuspeito da Agência Estado, perguntado sobre as pesquisas, "o tucano primeiro disse não ter recebido os resultados. Informado sobre os números por jornalistas, respondeu: 'Não tenho o menor interesse. Nenhum'."
Segue a nota: "Sempre que era abordado por jornalistas para falar de política, Serra respondia: 'Vocês só querem falar de tititis. Eu não quero tirar o lead dos genéricos', dizia."
Leads à parte, o ex-governador parece ter inaugurado nova fase em sua propaganda na TV. Como o figurino "amigo do Lula" apenas serviu para empurrá-lo ladeira abaixo, ele inaugura a fase "pancadaria total", na qual pretende, como gostam de se referir os teóricos, "desconstruir" a imagem da adversária.
Faz mais seu gênero. Pois se Serra aprendeu o que é um "lead" depois de frequentar uma redação, antes disso já se acostumara a usar o telefone, esse aparelho tão querido pelos jornalistas, para se queixar de matérias que não foram de seu agrado e, não raro, sugerir que seus autores fossem devidamente punidos com a demissão sumária.
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