domingo, 15 de agosto de 2010

Outro mundo


A Feira da Vila Madalena, em São Paulo, com suas centenas de barraquinhas de artesanato e comida, e suas dezenas de milhares de visitantes, teve, este ano, uma participação especial: candidatos e militantes políticos.
Lá estiveram, neste domingo gelado, pessoas agitando bandeiras do PT, PSDB e PV, e distribuindo santinhos, na tentativa de vender o seu peixe.
Entre eles, algumas figurinhas carimbadas, caso do deputado federal tucano José Aníbal, que desfilava cercado de apoiadores (seguranças?), cumprimentando raros eleitores. E, claro, com um fotógrafo a tiracolo...
Aníbal, que além de candidato à reeleição é o coordenador da campanha de Geraldo Alckmin ao governo do Estado, parecia meio deslocado naquele ambiente. O sorriso era forçado, o andar duro, os olhares que dava para os lados indicavam mais desconfiança que a busca por simpatia.
Apesar de tudo, não estranhei o comportamento do deputado. Aníbal nunca foi um político simpático ou popular. Pessoas como ele sentem alguma dificuldade em se misturar com o povo - mesmo esse da classe média, média alta de Pinheiros e Vila Madalena.
Quando se dispõem a isso, não prescindem da companhia de um séquito que lhes forneça proteção contra o perigoso vírus da realidade.
Isso porque Aníbal e vários outros representantes da elite brasileira vivem num mundo à parte - um gueto cercado por altos muros de ignorância e preconceito.
Esta campanha presidencial, na qual o candidato apoiado pelo deputado Aníbal baseia seu trabalho apenas em mensagens negativas - é preciso, a qualquer custo, "descontruir" (um eufemismo para "destruir") a imagem da adversária - é um bom exemplo dessa alienação.
No Brasil real o povo quer ser feliz, apenas isso.

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