terça-feira, 17 de agosto de 2010

Experimente Suplicy


A propaganda eleitoral gratuita no rádio e televisão é cara para os partidos e custará, em renúncia fiscal, este ano, cerca de R$ 850 milhões para a União.
A coisa funciona assim: 80% do Imposto de Renda sobre o faturamento publicitário no horário destinado à propaganda eleitoral recebe isenção da Receita. Na prática, é como se o governo comprasse aquele horário.
Os partidos contratam publicitários e agências especializadas para desenvolver os programas. Não existe mais improvisação, as despesas são altíssimas, mas os resultados, muitas vezes, decepcionantes.
Poucos se lembram como eram os programas gratuitos de antigamente. Eram de uma pobreza visual de dar dó. Só os políticos de muito traquejo compensavam a falta de recursos com o seu carisma. Eram, por si só, o espetáculo.
As principais mudanças no horário eleitoral começaram quando os publicitários foram tomando conta das campanhas e impuseram a elas a sua lógica: o candidato não passa de um produto como outro qualquer que deve ser vendido ao eleitor.
Na campanha para a prefeitura de São Paulo, em 1985, o agora senador petista Eduardo Suplicy chegou aos 20% dos votos, na terceira colocação, graças à estratégia montada por um grupo de publicitários que inovaram com o slogan "Experimente Suplicy" e um programa dinâmico, cheio de novidades.
A fórmula do discurso, a partir de então, estava definitivamente superada.
Há muito ainda a se fazer para tornar mais democrática e justa a disputa eleitoral. Muitos defendem, por exemplo, o financiamento público de campanha. Outros acham que o sistema americano, no qual nada é de graça, é o melhor. Os partidos nanicos esperneiam porque julgam que deveriam ter tempo igual aos maiores. Existe, enfim, um longo caminho a ser percorrido.
A propaganda eleitoral gratuita iniciada hoje não deve decidir a eleição presidencial, mas será muito importante para difundir as candidaturas aos governos estaduais, até agora relegadas a um segundo plano. Do mesmo modo, ajudará o eleitor a escolher os dois senadores e os deputados estaduais e federais.
Pode não ser o ideal, mas ajuda bastante.

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