segunda-feira, 26 de julho de 2010

Uma surra na ética


Existe uma enorme distância entre dar uma palmada numa criança e submetê-la a "castigo corporal" e "tratamento cruel e degradante". O projeto de lei que o governo encaminhou ao Congresso sobre o tema não fala, em nenhum momento, que dar umas palmadas no filho passa a ser crime.
Mas não adianta, a imprensa insiste em dizer que o projeto proíbe as palmadas. A Folha chega ao cúmulo de dar em manchete o resultado - mais que previsível - de uma pesquisa encomendada por ela: "A maioria já deu, levou e é contra proibir palmadas."
Eu também sou. O próprio governo, autor do projeto, também é. A pergunta que deve ser feita é outra: você acha que espancar seu filho é correto, você não acha que isso é um crime?
O tema é muito sério para ser tratado da forma jocosa e irresponsável como se vê nas páginas dos jornais e em comentários de várias pessoas.
É interessante notar que todos os ataques que se fazem às iniciativas de promover os direitos humanos partam de um determinado setor da sociedade e tenham como base a mentira. Muda apenas a tática, que varia da truculência à chacota, mas o objetivo é sempre o mesmo.
Às vésperas de uma eleição presidencial que decide não só quem vai ser o sucessor de Lula, mas qual modelo e qual grupo político/ideológico predominará no país pelo menos na próxima década, com as óbvias implicações que isso causará em toda a vida da nação, vale tudo, até espancar a lógica e a ética.

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