A campanha insossa, pobre de ideias, sem nenhum slogan forte, baseada apenas na "desconstrução" de sua adversária que José Serra desenvolve, nos lembra, inevitavelmente, dos grande embates eleitorais do passado, em que os os candidatos procuravam conquistar os eleitores apelando não só para a razão, mas muito mais para a emoção, usando grandes doses de criatividade.
O Brasil viu duelos como o de Jânio com a sua vassoura contra o marechal Lott com sua espada, parou para ver os debates na televisão entre Lula e Collor, se divertia com os shows que Brizola promovia no seu horário eleitoral.
Até mesmo os candidatos a governador sabiam como se comportar diante do eleitor. O debate entre Montoro e Jânio na TV Bandeirantes, em 1982, é peça clássica:
A certa altura, da discussão, Montoro ataca Jânio com uma citação. O ex-presidente retruca:
- Mas onde está essa tal citação?
Montoro surge com um livro na mão, olha para ele e lê seu título: "Depoimentos de Carlos Lacerda".
Jânio imediatamente desfere o golpe final no adversário:
- Então está dispensado da citação. Refere-se a Asmodeu ou a Satanás...
A plateia cai no riso. Até Montoro gargalha.
Eram tempos em que a política não dispensava o cavalheirismo - para o bem ou para o mal -, nem o humor era deixado de lado.
Um dos mais notáveis personagens do "baixo clero" daquela época era o radialista paulistano Pedro Geraldo Costa, que chegou a deputado e concorreu várias vezes à Prefeitura paulistana. Certa ocasião, surgiu no programa de Hebe Camargo com um paralelepípedo na mão e a gravata ao avesso. A apresentadora quis saber a razão disso: "O paralelepípedo é porque eu sou o Pedro da pedra. E, se você virar a minha gravata do lado certo verá a minha foto como candidato a prefeito", respondeu.
Nas suas últimas campanhas, Pedro Geraldo Costa aparecia no seu horário eleitoral da TV apenas para dizer "Boa noite e até amanhã", um protesto contra o tempo exíguo que tinha para se apresentar - uns míseros segundos.
Também colocou uma luneta no Viaduto do Chá, virada para o Vale do Anhangabaú. As pessoas que passavam por ali não resistiam à curiosidade e paravam para olhar pelo instrumento. Claro que nada viam além da propaganda do esperto candidato.
Pedro Geraldo Costa fez mais: fez chover rosas no Anhangabaú, para saudar a chegada da imagem de Nossa Senhora, e mais tarde a vinda da Cruz de Cedro do Egito; fez a Farmácia do Povo na rua da Consolação, onde ele distribuía remédios de graça para os pobres; fez sacolinhas de Jesus, uma espécie de cesta básica para o pessoal da Zona Leste, onde seu programa de rádio era muito escutado.
Até mesmo os candidatos a governador sabiam como se comportar diante do eleitor. O debate entre Montoro e Jânio na TV Bandeirantes, em 1982, é peça clássica:
A certa altura, da discussão, Montoro ataca Jânio com uma citação. O ex-presidente retruca:
- Mas onde está essa tal citação?
Montoro surge com um livro na mão, olha para ele e lê seu título: "Depoimentos de Carlos Lacerda".
Jânio imediatamente desfere o golpe final no adversário:
- Então está dispensado da citação. Refere-se a Asmodeu ou a Satanás...
A plateia cai no riso. Até Montoro gargalha.
Eram tempos em que a política não dispensava o cavalheirismo - para o bem ou para o mal -, nem o humor era deixado de lado.
Um dos mais notáveis personagens do "baixo clero" daquela época era o radialista paulistano Pedro Geraldo Costa, que chegou a deputado e concorreu várias vezes à Prefeitura paulistana. Certa ocasião, surgiu no programa de Hebe Camargo com um paralelepípedo na mão e a gravata ao avesso. A apresentadora quis saber a razão disso: "O paralelepípedo é porque eu sou o Pedro da pedra. E, se você virar a minha gravata do lado certo verá a minha foto como candidato a prefeito", respondeu.
Nas suas últimas campanhas, Pedro Geraldo Costa aparecia no seu horário eleitoral da TV apenas para dizer "Boa noite e até amanhã", um protesto contra o tempo exíguo que tinha para se apresentar - uns míseros segundos.
Também colocou uma luneta no Viaduto do Chá, virada para o Vale do Anhangabaú. As pessoas que passavam por ali não resistiam à curiosidade e paravam para olhar pelo instrumento. Claro que nada viam além da propaganda do esperto candidato.
Pedro Geraldo Costa fez mais: fez chover rosas no Anhangabaú, para saudar a chegada da imagem de Nossa Senhora, e mais tarde a vinda da Cruz de Cedro do Egito; fez a Farmácia do Povo na rua da Consolação, onde ele distribuía remédios de graça para os pobres; fez sacolinhas de Jesus, uma espécie de cesta básica para o pessoal da Zona Leste, onde seu programa de rádio era muito escutado.
E fazia, na hora da Ave Maria, os ouvintes colocarem um copo de água em cima do rádio. Rezava, e depois o padre Donizete, numa gravação, dava a benção. O pessoal que escutava bebia então a água, na crença de que ela estava benta, que seus pecados tinham sido perdoados, e que a vida ia melhorar dali em diante.
Pensando bem, quando Serra diz que vai dobrar o alcance do Bolsa Família ele faz exatamente como o Pedro Geraldo Costa no seu programa de rádio.
A única diferença é que as promessas de Serra, todos sabem, nunca são cumpridas, e além disso não têm um pingo de graça.
Pensando bem, quando Serra diz que vai dobrar o alcance do Bolsa Família ele faz exatamente como o Pedro Geraldo Costa no seu programa de rádio.
A única diferença é que as promessas de Serra, todos sabem, nunca são cumpridas, e além disso não têm um pingo de graça.
Já no finalzinho de carreira cheguei a ver algumas faixas, daquelas de mourim, hoje proibidas:
ResponderExcluir"Bosta por bosta, vote em Pedro Geraldo Costa"
Cômico! Boas lembranças...
ResponderExcluir