domingo, 27 de junho de 2010

Uma noite no circo

O ex-comunista Roberto Freire, presidente nacional do PPS, partido que não é nem popular nem socialista, comandou a convenção que decidiu, no sábado, reiterar o apoio ao projeto conservador neoliberal tucano, representado pela candidatura José Serra.
Na ocasião, Freire caprichou na interpretação, embora por mais esforço que faça, nunca consiga ultrapassar os limites cênicos do mais chinfrim ator canastrão. Mas tentou frases de efeito para incendiar a plateia, "de mais de 500 pessoas", segundo relato do site do partido.
A notícia que registra o epitáfio de uma agremiação política que já foi muito importante no país trata o ex-comunista com intimidade: para o redator moderninho, ele é simplesmente "Roberto". E é dessa maneira descontraída que ele narra a participação desse patético Roberto no evento:
"Voltou a criticar o governo, principalmente a política econômica. 'Não mudou nada (da política), os resultados são pífios, cresceu pouco o país e vamos sofrer as consequências no futuro', disse."
Em outro trecho, para avisar os correligionários que o grande líder e condutor da revoada tucana rumo ao Planalto tinha dado o bolo no evento, provavelmente tentando se desvencilhar da confusão criada com a escolha de seu vice, Roberto foi épico:
“É importante dizer aqui que Serra não é homem que morre com a zoada (barulho) do tiro. Ele não vai aceitar imposição. O candidato a vice é Álvaro Dias.”
E definitivo:
“Existe um consenso em torno do Álvaro Dias. Nós que fizermos esta aliança e que vamos enfrentar um governo que não tem limites temos que estar muito unidos. É um nome (o de Álvaro) que pode significar um boa composição com Serra e vamos para a luta”, afirmou.
Depois dessas empolgantes palavras, ficamos sabendo que outra voz que honra as tradições da esquerda brasileira se fez ouvir no notável evento.
O deputado Fernando Gabeira, candidato ao governo do Rio pela aliança PV/PPS/PSDB e DEM "ressaltou a longa trajetória de luta em que participou ao lado de pessoas do PPS e disse que é preciso resgatar no país a política séria", segundo noticiou o site do PPS.
E, claro, criticou o governo do PT: "Regredimos politicamente. Políticos hoje são mal vistos porque estão interessados em problemas pessoais. Perdemos o contato com os valores", disse.
O redator para por aí. Não informa se a plateia foi ao delírio ou simplesmente recolheu as bandeiras e voltou para casa, contaminada com o fervor patriótico desses ilustres personagens da política brasileira.
Mas que foi uma noite e tanto, disso ninguém tem dúvida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário