segunda-feira, 28 de junho de 2010

Caminhos caros


Os pedágios foram criados na Idade Média: os senhores feudais concediam o direito de passagem por suas terras mediante o pagamento de determinado valor.
A instituição, com o tempo, ganhou conotações correlatas: hoje em dia, pedágio pode tanto significar a propina comumente cobrada das empreiteiras de obras públicas por nossos administradores, como a contagem de tempo para a aposentadoria, naquele cálculo complicado do INSS.
Seja como for, o pedágio está institucionalizado no Brasil, principalmente no Estado de São Paulo, onde os tucanos fizeram ninho há algumas décadas.
O insuspeito Estadão noticia que "desde o início da privatização das rodovias de São Paulo, em 1998, foram instalados 112 pedágios nas estradas paulistas - o equivalente a uma praça nova a cada 40 dias", uma prova inequívoca do amor tucano pela prática.
A mesma matéria informa que "o Estado já tem mais pedágios do que todo o resto do Brasil: são 160 pontos de cobrança em vias estaduais e federais no território paulista, ante 113 no restante do País, segundo a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias."
E segue:
"Nos últimos 12 anos, a segurança e a qualidade das rodovias melhoraram, mas os altos preços cobrados se tornaram alvo frequente de críticas dos motoristas. Nesta semana, as reclamações devem aumentar ainda mais. Os pedágios nas rodovias estaduais serão reajustados a partir da 0h de quinta-feira (1.º) e terão tarifas "quebradas" em R$ 0,05. O principal pedágio do sistema Anchieta-Imigrantes vai aumentar de R$ 17,80 para R$ 18,50.
Para se ter uma ideia, ficou mais barato viajar a outro Estado do que internamente. Cruzar de carro os 404 quilômetros entre a capital paulista e Curitiba, no Paraná, por exemplo, custa R$ 9 em tarifas. Já para cobrir distância semelhante até Catanduva, por exemplo, é preciso desembolsar R$ 46,70."
A seguir, o motivo dessa discrepância absurda:
"Isso se explica, em parte, pelo modelo adotado no programa de concessões paulista. As licitações, em 1998 e 2008, levaram em conta o montante que as empresas ofereciam ao Estado para ter a concessão, a chamada outorga. A vantagem é que o dinheiro pode ser aplicado em novas estradas. Por outro lado, esse valor é repassado aos motoristas.
Já o modelo adotado pelo governo federal faz a concessão àquele que oferecer a menor tarifa. O benefício é o preço mais baixo; a desvantagem, a falta de verba para investir. As Rodovias Fernão Dias e Régis Bittencourt, privatizadas em 2008, continuam em estado precário. Críticos afirmam que o pedágio não foi suficiente para cobrir os custos da recuperação das estradas."
Mas a população deve ficar tranquila. O ex-governador José Serra, candidato oposicionista à sucessão de Lula, assegurou enfaticamente que as críticas ao preço exorbitante dos pedágios paulistas não passam de "tró-ló-ló petista".
Haja petista neste mundo, então!

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