segunda-feira, 26 de abril de 2010

Tempo de silenciar

A onda de violência na Baixada Santista, que dura mais de uma semana e fez mais de 20 mortos, é apenas um episódio complementar do caos na segurança pública vivivo no Estado de São Paulo - patrocinado por duas décadas de governos que pouco fizeram para diminuir o drama da população.
Em circunstâncias normais, o ataque do crime organizado naquela importante região paulista seria manchete de todos os jornais, de todos os programas noticiosos do rádio e da televisão. Mas estes não são tempos normais e, portanto, a mídia, que nas palavras de um dos seus mais importantes porta-vozes exerce hoje o papel que caberia à oposição partidária, dá pouco destaque ao assunto.
Prefere, como se fosse o tema mais palpitante da vida do cidadão, acompanhar os passos do candidato tucano à Presidência da República, e fustigar, com tudo o que tem direito, incluindo doses bem medidas de calúnia, a candidata da situação.
Porque estes não são tempos normais e, assim, a realidade não pode ser exibida, nem comentada, nem sequer insinuada.
Em tempos normais o brutal ataque que os criminosos estão promovendo nas cidades do litoral sul do Estado seria noticiado com uma fúria avassaladora e uma indignação definitiva.
Esse quase silêncio sobre os fatos mostra, porém, que existe uma conspiração no ar, se não para beneficiar os criminosos, pelo menos para isentar da culpa aqueles que foram os responsáveis por essa situação.
Em tempos normais a cidadania iria exigir que todos fossem punidos - assassinos e autoridades complacentes, descuidadas, omissas.
Mas estes não são tempos normais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário