José Serra prepara o discurso que norteará sua campanha presidencial. Lê-se que procurará contrapor a sua biografia ao da candidata da situação, Dilma Rousseff, e que fará um esforço para levar ao eleitor a mensagem de que ele é quem tem condições de fazer o país avançar no quesito desenvolvimento.
O lema será "O Brasil pode mais".
A estratégia é perigosa. Serra pode se enforcar com sua própria corda.
Em relação à sua biografia, por exemplo, é fácil levantar inúmeros episódios desairosos. O ex-governador não prima nem pelo cumprimento de suas promessas, nem pelo rigor factual.
De certo modo, a sua biografia está recheada de passagens ficcionais, como se ele precisasse romancear uma vida sem muita emoção, sem muitos atrativos para o público.
Talvez por isso ele já tenha se auto-denominado o "maior ministro da Saúde do mundo", o autor do programa de combate à aids, o criador da lei do remédio genérico etc - são inúmeras as apropriações indébitas creditadas a esse nosso personagem.
Quanto ao outro eixo de sua campanha presidencial - colocar-se como um notável indutor do progresso -, basta que o eleitor pense por um segundo como anda - ou não anda - a saúde, a educação, a segurança pública, os programas habitacionais, a mobilidade urbana, do Estado mais rico da federação, que esteve sob a administração recente desse notável gênio da raça.
Claro que ele exibirá incessantemente a propaganda louvando a "nova" Marginal, o trecho sul do rodoanel - "pièces de résistance" de sua gestão, obras para as quais não faltarão definições hiperbólicas.
E claro que o buraco do metrô será definitivamente apagado da memória visual, assim como os outros desastres menores provocados por obras construídas no ritmo eleitoral.
Não é impossível José Serra ter êxito em sua missão. A publicidade é uma arma poderosa. Aliada a uma imprensa partidária é quase imbatível. Mas o Brasil mudou muito nesses últimos anos. E a adversária de Serra é quem representa essas mudanças.
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