O fato é que o presidente fala, deliberadamente ou não, as coisas que o público que o ouve num determinado momento quer ouvir. Lula não enrola, vai direto ao ponto. Abusa das metáforas, das figuras de linguagem, das comparações mais triviais possíveis. Se está num canteiro de obras, joga um futebolzinho no meio do discurso para a peãozada entender melhor a mensagem que quer passar. Se está num meio mais erudito, sobe o nível, mas não muito: afinal, até os sábios gostam de se descontrair de vez em quando.
Nessa quinta-feira ele deu outro exemplo de como um homem público, uma liderança política, deve se aproximar de seus eleitores. Numa cerimônia de entrega de apartamentos construídos com recursos do PAC, em Osasco, os repórteres resolveram perguntar a ele porque os imóveis eram entregues sem azulejos. Lula respondeu que isso vem ocorrendo para que os próprios moradores tivessem a a oportunidade de escolher os revestimentos. "A gente entregava com o azulejo mas o pessoal tirava para colocar outro", disse. "Então agora entregamos sem o azulejo para que cada um faça do jeito que quiser."
E aí aproveitou para soltar mais uma das suas. Explicou que, em compensação, os apartamentos vinham com uma varanda, que ele disse ter sido uma exigência sua: "Essas casas têm uma varanda. Essa varanda tem sido uma briga minha imensa tanto com as empresas quanto com a Caixa Econômica Federal [que financiou a obra]. Uma varandinha é o mínimo que a gente pode oferecer para alguém que vai ter um apartamento novo. Ao invés da mulher ficar batendo no marido com o chinelo, com a concha de pegar feijão, é melhor trancar ele do lado de fora - ele fica na varandinha refrescando a cabeça."
E assim, o que era uma simples - e para muitos, inútil - varanda, acabou virando um tema sociológico para alguns. Para outros, pura diversão.
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