terça-feira, 30 de março de 2010

A roupa faz o homem

O governador José Serra deixa o cargo amanhã para se dedicar integralmente à campanha presidencial. No seu lugar entra o vice, Alberto Goldman, que foi seu colega de ministério nos tempos nada saudosos de FHC.
Os tucanos têm a mania de se dizer de esquerda. Gostam de ser chamados de sociais-democratas.
Serra, na sua juventude, flertou com ideias socialistas, mas saiu do país quando soaram os primeiros toques dos clarins da Gloriosa. Lá fora, viu desabrochar todo o seu amor ao mercado.
Já Goldman, que era marxista de carteirinha - foi um dos quadros mais disciplinados do Partidão, o PCB - ficou por aqui.
Lembro uma vez meu pai chegando em casa, lá na Jundiaí do início dos anos 70, com um papelzinho dobrado nas mãos:
- São os candidatos a deputado do partido, disse o capitão Accioly. Alberto Goldman para estadual e Marcelo Gato para federal.
Bem, é preciso esclarecer: Goldman e Gato eram quadros do PCB que atuavam sob o manto do MDB, a oposição consentida pelos militares.
Goldman fez carreira sob as asas do Partidão, como tantos outros que estão por aí em vários cargos importantes.
Hoje já não tem nada de socialista, comunista, marxista ou qualquer coisa que lembre a velha e boa esquerda. Fez carreira com a ajuda dos bons amigos, entrou no esquema conhecido da política tradicional, virou um burguesão, aquela figura que tanta ojeriza causava nos combativos quadros do Partidão.
O capitão Accioly referia-se a esses tipos que trocam seus ideais pela comodidade material de maneira simples e direta: "trânsfugas".
Desertores. É impressionante como uma palavra pode explicar tantas coisas.

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