O Palmeiras, com todos os seus problemas, é mais ou menos o reflexo do que se vê hoje no Brasil, país cindido em dois grandes grupos de interesse: a velha oligarquia que perdeu o poder político central, e a nova classe dirigente, que ousou fazer pequenas, mas incômodas mudanças.
O gesto de quem ameaçou o professor Belluzzo de morte revela o grau de estupidez a que chega o ser humano quando deixa a paixão controlar as suas ações. Homem afeito ao ambiente intelectual, Belluzzo já declarou estar enojado com o mundo do futebol, uma mistura de baixas negociatas, personagens movidos ora pela vaidade, ora pela ambição, e muita, mas muita ignorância.
O futebol, porém, se ajeita. Basta o Palmeiras engatar, pelo simples acaso, pelo talento de alguns, por qual motivo for, uma série de vitórias, para que o xingado, odiado e jurado de morte Belluzzo se transforme no dirigente dos sonhos de todo torcedor. O futebol permite isso. O treinador num dia é uma besta, no outro é bestial, dizia o sábio Otto Glória, que, muito antes de Felipão, fez brilhar a seleção portuguesa.
Fora dos quatro cantos do gramado é que a coisa se complica. O ano promete. A disputa pela vaga no Palácio do Planalto se acirra cada vez mais. O jogo, se já está pesado, dá mostras de que vai descambar para a pancadaria. E nele, as regras não permitem mostrar nem o cartão amarelo, de advertência, nem o vermelho, de eliminação. É pau puro.
E foi exatamente isso que se viu nesses últimos dias: Polícia batendo em professores, pesquisas eleitorais contrariando a lógica, imprensa se engajando para valer no processo sucessório...
É preciso nervos de aço para aguentar. E estamos ainda no primeiro tempo.
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