Na rádio Bandeirantes AM, um dos baluartes do conservadorismo paulista, o astro da programação diz ao ouvinte que "agora, eles tentam novamente criar um conselho federal de jornalismo", não dando a informação completa: o "eles" é na verdade um esboço de programa de governo da candidata do PT, Dilma Rousseff.
Lançado o veneno, ouve-se o coro dos coadjuvantes a endossar a crítica veemente da estrela jornalística a mais esse atentado às liberdades democráticas do país. E tome a vinheta "a Bandeirantes tem opinião" - talvez por uma simples coincidência, sempre contrária a qualquer iniciativa do governo Lula.
Ora, haja paciência! Tais sacripantas deveriam se envergonhar de se intitular jornalistas e agradecer por este governo ter sido dos mais complacentes com todas as ignomínias que, em nome da liberdade de imprensa, foram lançadas contra ele.
O fato é que a partidirização do jornalismo brasileiro agudizou-se com a ascensão do PT ao poder. Foi a partir daí que o pecadilho esporádico transformou-se num vício avassalador e os empresários de comunicação - porque, no Brasil a imprensa nada mais é que um negócio, e dos mais rentáveis - se uniram para acabar com qualquer possibilidade de mudança - nas instituições da República, no abismo entre pobres e ricos, nos conceitos de cidadania e de nação.
Agora, com a maior cara de pau do mundo, eles inventam essa história de que se sentem, novamente, "ameaçados". Levantam bandeiras, até mesmo contra o 3º Programa Nacional de Direitos Humanos, que, num determinado ponto sugere a criação de um ranking para premiar quem mais valorizar o tema.
É isso, o ranking, como explicou o ministro Paulo Vanucchi, serviria para exaltar os veículos de comunicação que mais se preocupassem em defender os direitos humanos, como os vários prêmios que já existem por aí. Mas isso, para os nossos valorosos democratas, claro que se trata de coisa de comunista.
A verdade é que é impossível qualquer tentativa de construir um diálogo sério com essa gente. Eles já têm posição definida, expressam o que pensam em seus editoriais e atuam sem descanso a favor de seus objetivos com a mais poderosa arma que existe, que é travestir de jornalismo a propaganda deslavada.
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