quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

"Ninguém mordeu o dedo de ninguém"


Antes de ir para o Fórum Econômico Mundial, que reúne a elite econômica do planeta na minúscula Davos, na Suíça, o presidente Lula passou por Porto Alegre, que sedia a 10ª edição do Fórum Social Mundial. Lá, para uma plateia de 7 mil pessoas, criticou duramente o empresariado do setor de comunicação, que fugiu das discussões da Conferência Nacional de Comunicação, a Confecom, realizada em dezembro, em Brasília.
Ele defendeu a reunião, afirmando que as políticas para o setor devem ser discutidas também pela sociedade: “Vocês sabem que metade dos empresários da comunicação não participou. Todos participaram, praticamente todos os movimentos sociais. É engraçado que ninguém mordeu o dedo de ninguém, as pessoas não iam lá para xingar, para ofender, as pessoas iam lá para dizer: você têm um olhar diferente de mim. Vamos juntar esses dois olhares e ver qual é o olhar que podemos dar para a política de comunicação, que não pode ficar apenas sendo discutida por alguns empresários, mas pela sociedade."
A Confecom aprovou 665 propostas em defesa de um marco regulatório para o setor, de maior participação da sociedade na difusão dos direitos humanos pelas veículos de comunicação, de um conselho de classe para os jornalistas e da regulamentação de artigos constitucionais que tratam da produção de conteúdos regionais, educativos e culturais, por exemplo.
No discurso, Lula citou a contribuição dessas conferências para as políticas sociais brasileiras. Lembrou que mais de 60 reuniões sobre diversos temas foram realizadas nos últimos sete anos e disse que pretende legalizar o modelo desses encontros, juntamente com as políticas sociais, para que outros setores também tenham um espaço democrático de diálogo com a sociedade.
Ao fazer um balanço dos 10 anos do Fórum Social Mundial, o presidente citou a contribuição da sociedade e avaliou que o espaço está “calejado, mais maduro e mais sabido”. Segundo Lula, após a crise financeira internacional, que levantou incertezas sobre o modelo neoliberal, o FSM tem um espaço para crescer como contraponto às políticas capitalistas.
Sobre o encontro de Davos, no qual vai receber o prêmio de "estadista global", Lula disse que o Fórum Econômico Mundial não tem mais o mesmo glamour que tinha em 2003: "Tenho a consciência de que Davos já não tem mais o glamour que eles pensavam que tinham em 2003. O sistema financeiro já não pode desfilar como sendo o modelo exemplar de gerenciamento porque acabou de provocar a maior crise mundial dos últimos anos.” Segundo Lula, desta vez ele vai a Davos com outra missão. “Quero mostrar que se o mundo desenvolvido tivesse feito a lição de casa em economia, a gente não teria tido a crise”, afirmou, ao criticar o que chamou de irresponsabilidade na condução do sistema financeiro.
Com informações da Agência Brasil

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