Mas, mesmo sendo um completo ignorante sobre os assuntos dessa banda, fora o fato de que, como tantas similares o baterista deve ser um sujeito absolutamente impiedoso com seu instrumento, o guitarrista um huno destruidor de cordas e palhetas, e o cantor, uma mistura do Pato Donald com Agnaldo Rayol, fui obrigado, por uma distração imperdoável, a vivenciar o quão inconveniente pode ser o heavy metal para a vida de quem não é mais adolescente.
Explico. Moro mais ou menos perto do estádio do Morumbi, onde a tal banda se apresentou ontem e se apresenta hoje, e, totalmente ignorante do calendário musical, resolvi, com minha mulher, fazer compras no supermercado.
Quando me dei conta, estava perdido entre uma multidão de rapazes e moças com camisetas pretas, grande parte deles (os rapazes, fique bem claro) com cavanhaques, como se fossem fabricados em série, centenas de carros se arrastando em congestionamentos, ruas bloqueadas, e dezenas de ônibus estacionados em locais onde, supostamente, deveriam passar os veículos.
Passado o susto, já refeito da péssima experiência metaleira - para que os nervos voltassem ao lugar eu e minha mulher tivemos de escutar uma seleção de sambas imortais cantados pela Velha Guarda da Portela - e conformado em ficar com a geladeira quase vazia, atentei para um fato que havia passado desapercebido quando estava no meio da confusão: o estádio do Morumbi não tem estacionamento e, por isso, tantos ônibus e carros estavam entupindo as suas imediações.
Ora, um estádio que não tem estacionamento para seu público, pensei, é um estádio incompleto. O Morumbi existe há mais de 30 anos e até hoje não foi terminado. Mesmo assim seus proprietários desejam, ansiosamente, que ele seja palco de algum jogo importante da Copa do Mundo de futebol de 2014.
A pretensão, tudo indica, vai virar realidade. Já li que o BNDES pretende despejar uns R$ 300 milhões na construção das tão necessárias garagens. O detalhe é que o Morumbi não tem espaço para tais obras e elas precisarão ser feitas em terreno...público.
É, existem certas coisas que nem o mais estridente acorde do Metallica pode encobrir.
Não é da natureza da crônica literária ser inútil, ainda que seu caráter seja puramente jornalístico. Outra coisa; disseminar pré-conceitos imaturos e infundados é uma covardia e, pior, usar da escrita para tal é de uma mesquinhez dignas de alguém que não reconhece sentido nenhum na função ética da escrita. Seu texto é lamentável e,sobretudo, inútil.
ResponderExcluirCaro anônimo,
ResponderExcluirmeus preconceitos eu assumo publicamente; minha inutilidade como cronista, também.
Espero que da próxima vez que brindar este mesquinho e inútil escriba com palavras tão pouco elogiosas o sr. tenha, ao menos, a coragem de se identificar.
Um abraço e um pedido: não seja tão literal, aprenda a ler as entrelinhas - o mundo passará a lhe ser menos hostil.
Bom, Anônimo, pelo menos ele assume que é um preconceituoso musical... Parabéns pelo exercício de tolerância que você deu, Carlos.
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