quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Bom dia, caos!


Escuto no meu radinho de pilha - sim, porque meu apartamento está sem eletricidade já há mais de uma hora e escrevo graças à bateria do laptop - que a cidade, mais uma vez, amanheceu no caos.
Mortes, inundações, congestionamentos imensos, trens parados, assaltos... um quadro devastador, mais uma vez causado, dizem, "pelas fortes chuvas que caíram sobre a capital durante a madrugada", como atesta o locutor de uma categorizada estação paulistana de AM.
"A prefeitura de São Paulo está fazendo de tudo para melhorar o dia a dia das pessoas", afirma a voz de veludo do comercial que se segue à informação sobre o colapso metropolitano desta quinta-feira.
Ela soa como uma provocação grosseira, mas pelo menos serve para uma reflexão: será que as nossas autoridades - o prefeito, o governador - acham mesmo que os moradores desta infeliz cidade acreditam nessa bobagem?
Outro locutor diz que São Paulo vive um dia atípico - uma meia verdade. São Paulo passa, isso sim, por um ensaio do que será seu cotidiano em um futuro próximo. Qualquer pessoa com um mínimo de bom-senso tem claro que, a continuar esse quadro de inação administrativa, em poucos anos será praticamente impossível para o cidadão comum realizar, sem um custo físico e emocional altíssimo, as funções corriqueiras, como estudar ou trabalhar.
Outro comercial entra no ar: "Nunca antes a Prefeitura de São Paulo gastou tanto em obras contra enchentes."
A sensação que a mensagem nos deixa, desta vez, é de completo desalento: parece que não é só a metrópole que se desmancha, mas a própria dignidade de uma importante categoria social, a dos políticos, esses homems que têm a difícil missão de liderar outros homens, mas que se comportam como simples mistificadores de quinta categoria.

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