quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
Palavras ao vento
A Cop-15 está terminando e muitos já dizem que a conferência do clima será marcada pelo fracasso. Quem pensa assim parece desconhecer como se desenvolve um processo de negociação, seja lá qual for. Quase sempre ele é longo e doloroso. Todos os participantes querem que prevaleça a sua posição. O simples fato de a conferência ter reunido tanta gente de todo o mundo já mostra que as lideranças mundiais estão em busca da melhor solução para o problema. O mundo não vai acabar antes que isso aconteça.
E entre as pessoas que foram a Copenhague para debater sobre o que fazer para deter a deterioração climática do planeta estava o onipresente governador paulista, José Serra, que conseguiu, no melhor estilo papagaio de pirata, emplacar nos jornalões brasileiros fotos suas ao lado do colega californiano, o ator Arnold Schwarzenegger.
A imprensa nativa, aliás, tratou Serra como se ele fosse uma das figuras-chaves da Cop-15, personagem sem o qual o futuro do mundo está irremediavelmente comprometido.
Mas poucos se dispuseram a informar aos prezados leitores o real teor do que o nosso simpático governador falou na Dinamarca.
Suas palavras foram tão profundas que ouví-las não demorou mais do que uns inesquecíveis três minutos.
E, por serem breves, mas fundas; concisas, mas precisas; simples, mas definitivas, elas estão reproduzidas abaixo na íntegra.
A eleição se aproxima e Serra está cada vez mais Serra.
Senhoras e Senhores, bom dia.
É um prazer estar aqui nesse fórum de líderes climáticos regionais e apresentar os nossos compromissos de redução de emissões.
Em São Paulo nós aprovamos recentemente a Lei de Mudanças Climáticas, a qual nós esperamos que sirva como um marco efetivo para que se alcance os objetivos da Convenção do Clima.
Nosso Estado é localizado no Sudeste do Brasil, e é a mais industrializada região do país. Tem uma área comparável à do Reino Unido, e a população à da Argentina.
Nossa matriz energética é consideravelmente limpa, com baixas emissões de gases estufa e alta participação de energias renováveis. Se considerado como um país, seria o terceiro maior produtor de etanol, logo após os EUA e o Brasil.
O território de São Paulo é parcialmente coberto por Mata Atlântica, e essas áreas vem crescendo, como resultado de ações de fiscalização e recuperação. Temos políticas avançadas de biocombustíveis, de pesquisas relacionadas a mudanças climáticas, facilitamos recursos financeiros para as cidades verdes e estão em andamento grandes investimentos em transportes públicos.
Nossa lei de Mudanças climáticas tem uma meta ambiciosa de redução de emissões de gases de efeito estufa: 20% em 2020. Consideramos 2005 como nosso ano de base, não uma tendência de crescimento futuro de emissões.
Essa meta é agora uma exigência legal. Além da meta de emissão, a Lei Estadual prevê um zoneamento econômico-ecologico, um fundo de adaptação, o mapeamento das vulnerabilidades territoriais, um programa de recuperação florestal, um plano de transportes sustentáveis e a criação de mecanismos de financiamento para encorajar expansão de processos econômicos de baixo carbono.
Nos esperamos que outras regiões e países juntem-se a nossos esforços na direção de uma economia verde e pela integridade do clima global.
Governos subnacionais têm um papel crescente nas negociações sobre o clima e estamos firmemente decididos a colaborar nesse sentido.
Muito obrigado
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Concordo com o Secretário...Cop was "THE" Beginning...
ResponderExcluirhttp://hopersomianonna.blogspot.com/2009/12/copenhagen-climate-summit-ban-ki-moon.html