quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Um olhar apaixonado


São muitos os que, hoje em dia, não se conformam em ver que o Brasil está, aos poucos, superando o imenso complexo de vira-latas que o impedia de ir para a frente.
Essas pessoas se horrorizam ao ver o país participando de importantes fóruns internacionais, torcem o nariz quando o presidente Lula é elogiado por publicações de renome ou por lideranças do badalado Hemisfério Norte. Fazem questão de se manter à margem desse movimento de resgate da auto-estima nacional. Creem que o Brasil deve, quando muito, se conformar com o papel de coadjuvante na história do mundo.
Faço essas considerações ao evocar os 50 anos da morte do gênio chamado Villa-Lobos. Vejo que há comemorações por todos os lados e que, finalmente, a grande maioria dos artistas e intelectuais se deu conta de que figuras como ele não nascem todos os dias, são seres raríssimos, que surgem para, com seu extraordinário brilho, aperfeiçoar a trajetória do homem neste planeta.
E quando me dou conta de quantas vezes já escutei e me emocionei com a música de Villa-Lobos fico pensando em como deve ser triste a vida desse pessoal que vira a cara para o seu próprio país, para os tesouros que ele guarda, e sai por aí macaqueando os últimos modismos do lixo cultural que é bombardeado pelas potências do norte.
Uma terra que tem como filho um artista como Villa-Lobos é uma nação predestinada a dar certo. Basta que ela passe a ver a si mesma com os mesmos olhos que muitos, como esse extraordinário Villa-Lobos, a retrataram, por meio de sons, cores, formas, palavras - com olhos cheios de paixão.

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