sábado, 3 de outubro de 2009

A turma do contra


Os últimos dias foram demais para a turma do contra, esse pessoal que acha que o Brasil nunca esteve tão mal em toda a sua história.
Como a turma do contra não tem endereço único, nem gosta de ser encontrada, reuni algumas características que podem identificar seus integrantes.
Se acaso você, caro internauta, topar com alguém da turma do contra, por favor, sorria, faça algum gesto de comiseração, mínimo que seja.
É que tal pessoa está na lista dos espécimes ameaçados de extinção.
Feita a introdução, vamos a um breve resumo das peculiaridades do típico membro da turma do contra:

Diz que paga imposto demais.
Lê (e acredita no que lê) Veja, Estadão, Globo e Folha.
Não perde o Jornal Nacional.
Louva a liberdade de imprensa.
Considera a Globo padrão de televisão - e seus atores, soberbos.
Jura que não tem preconceito, mas "não fala com pobre, não dá mão para preto, não carrega embrulho*".
Também odeia nordestino.
Rejeita as cotas raciais na universidade.
Adora um jabá.
Elogia Marina Silva por ter saído do PT.
Diagnostica que o problema do Lula é o PT.
Vota no Suplicy (para não dizer que abomina o PT).
Acusa a Dilma de mentirosa.
Julga o FHC um estadista - e o Lula uma vergonha para o país.
É a favor da privatização.
Defende o "Estado mínimo".
Odeia os políticos, porque são todos ladrões.
Acusa o governo (federal, do PT) de ineficiente, perdulário e, é claro, corrupto.
Além disso, inchado, com gente demais sem fazer nada - um cabide de emprego.
Acredita que o Serra é o "pai dos genéricos", um renomado economista e excelente administrador.
E que o Kassab ainda não casou porque não achou a mulher certa.
Só não vota mais no Maluf porque agora tem o Serra e o Kassab.
Com a estrada congestionada, ultrapassa pelo acostamento.
Prefere dar "bola" ao policial rodoviário do que ser multado.
Faz discurso contra a "indústria da multa".
Instala equipamento antirradar no carro.
Avança no sinal vermelho.
Desrespeita a faixa de pedestres.
Adora filme americano - indicado pela Folha ou pela Veja.
Assiste à premiação do Oscar.
Ouve e dança axé e não perde show da Ivete Sangalo.
Prefere praia ao interior (Campos do Jordão é outra história).
Tem certeza de que a Copa do Mundo de 2014 será um desperdício de dinheiro público.
Idem para a Olimpíada do Rio.
Prefere contrato de trabalho PJ para não pagar Previdência Social (e outros tributos).
Gasta 1/5 do salário em plano de saúde.
Teme ser contaminado pela gripe suína.
Acha o Hugo Chávez um ditador.
Conta piadas sobre o Evo Morales e o Fernando Lugo (já fez muitas sobre o Lula).
Não faz a mínima ideia de quem é Rafael Correa.
Tem simpatia pelos verdes, mas não dispensa uma churrascaria.
Só toma vinho fino.
Não sabe distinguir um petite sirah de um malbec.
É contra toda e qualquer greve.
Aponta o transporte público como solução para o caos viário paulistano (mas só pegou metrô quando o carro estava na oficina).
Não dá esmola "de jeito nenhum".
Veste camiseta polo Lacoste com o rabo do jacaré virado ao contrário.
Acha brega ser brasileiro.
Etc etc.
E, last but not least, sonha em ir embora do Brasil.
De preferência para os Estados Unidos - o problema é que seu inglês se resume ao the book is on the table.

* "A Banca do Distinto", de Billy Blanco

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