quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Pérolas para o colar


Se fosse possível juntar todas as bobagens que Fernando Henrique Cardoso - o indefectível FHC, Príncipe dos Sociólogos, o presidente que quebrou o Brasil três vezes, patrocinou a farra das privatizações, tentou de várias maneiras acabar com os direitos trabalhistas, que seguiu, enfim, com extremo zelo, a cartilha neoliberal editada pelo Consenso de Washington - já falou ou escreveu, certamente teríamos um livro capaz de ficar meses nas listas dos mais vendidos. Seria hilário - ou trágico. Depende do ângulo, diria alguém mais espirituoso.
FHC é surpreendente. Quando todos pensam que ele vai, enfim, dar a si mesmo o merecido descanso, não é que ele ressurge, com todo o esplendor do incrível personagem que ele criou e representa? E nos locais mais inusitados, porque FHC nunca está parado - é incrível como ele se move, para fazer jus ao papel de cidadão do mundo a que se impôs.
A última de FHC vem do município catarinense de Blumenau, onde foi falar, a convite da associação de lojistas local, sobre as perspectivas do desenvolvimento brasileiro - tema que deve dominar como poucos, pois pôde, depois de sua aposentadoria forçada, como "cientista social" que é, observar o país atravessar um longo período de crescimento sustentado. Antes, almoçou com lideranças da região e sobrevoou as cidades de Ilhota, Gaspar e a própria Blumenau, para ver os estragos causados pelas enchentes do ano passado e as chuvas recentes. Deve ter se emocionado.
O "Jornal de Santa Catarina" não perdeu a oportunidade e, na entrevista que fez com ele, conseguiu arrancar algumas respostas que merecem integrar o imenso colar de pérolas que o nosso insígne líder vem produzindo ao longo de toda a sua proveitosa existência.
Sem mais, vamos à íntegra de mais uma sucessão de frases lapidares que expressam um caráter já perfeitamente definido por anos e anos de profícuo labor e intensa solidariedade ao ser humano (os negritos são de minha modesta autoria):

Jornal de Santa Catarina - Qual a visão do senhor sobre a tríplice aliança no governo de Santa Catarina e a eleição do ano que vem?
Fernando Henrique Cardoso - Eu acho que é muito importante manter a tríplice aliança. É o caminho da vitória e tem que haver um entendimento.
Quem estiver melhor posicionado na época das eleições será o candidato. Não dá pra tirar do bolso do colete um nome e os partidos têm que ter a compreensão disso. É muito importante ter em mente também que nós temos um objetivo nacional e que temos muitas chances de ganhar com a candidatura do PSDB. É preciso que a gente não disperse força nos estados.
Santa - Pesquisas vão nortear a decisão?
FHC - As pesquisas e a avaliação política, simultaneamente.
É como nós estamos fazendo em nível nacional. É o Serra ou o Aécio? Eu não sei. Depende um pouco da situação mais adiante, da avaliação política e se a pessoa tem consistência para poder, realmente, continuar mantendo as alianças.
Santa - Mas a preferência do senhor é clara pelo Serra. Ou não?
FHC - Não necessariamente.
Minha preferência é por quem possa ganhar. Nesse momento, o Serra dá mais indicações de que está na frente, mas se o Aécio estiver na frente, eu sou Aécio até debaixo d’água. Eu gosto muito dos dois e acho que o importante para nós é não perdermos a eleição do ano que vem.
Santa - A migração da senadora Marina da Silva do PT para o PV ajudou a candidatura do PSDB?
FHC - Não sei se ajudou a candidatura do PSDB, mas beneficiou o Brasil. Ela trouxe um tema novo. Gosto muito dela. É uma mulher íntegra e abre o debate, o que é muito importante. Vai depender agora do desempenho dela, pra saber se ela vai tirar mais voto de um ou de outro, e da reação que os candidatos tenham. Eu, da minha parte, acho que o tema ecológico veio pra ficar e a Marina simboliza isso.
Santa - O governo Lula segue sendo bem avaliado pela população. Qual o segredo, após dois mandatos?
FHC - Eu acredito que seja pelo fato de ele, permanentemente, estar falando com o povo. E falando do jeito que o povo entende.
O Lula é um incansável propagandista dele e do governo dele. E de bons resultados. É isso.
Santa - O senhor reconhece os bons resultados do governo?
FHC -
Reconheço os bons resultados da propaganda (risos). O governo fez coisas importantes. O Brasil tem que crescer pela acumulação de bons governos e na medida em que o Lula seguiu as vias fundamentais da área econômica, eu tenho que reconhecer que ele seguiu. Agora, por outro lado, a medida em que ele está usando muito o aparelho do Estado para utilizar pessoas do partido e também que ele é muito indulgente com a corrupção, aí eu acho que não está certo.
Santa - O Rio de Janeiro acabou de ser escolhido como sede das Olimpíadas 2016. Temos competência para promover um evento desse porte?
FHC - Se não tivéssemos, teríamos que ter. Agora é o desafio e nós vamos cumprir. O Rio de Janeiro vai ganhar muito com isso. Vamos ter que fazer nosso esforço.

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