quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Os alegres camaradas


Com toda a pompa e circunstância, o PSB paulista apresentou, nesta semana, seu novo filiado, o vereador Gabriel Chalita, ex-secretário de Educação de Geraldo Alckmin, que saiu do ninho tucano por julgá-lo pequeno para suas pretensões - ser candidato a senador.
Para mostrar que não está brincando em serviço, o partido, no dia seguinte, anunciou que seus quadros ganhavam outro reforço, Paulo Skaf, presidente da poderosa Fiesp, que parece disposto a trocar as cruzadas que promove em favor da redução de impostos por algo que valha mais a pena - o cargo de governador, por exemplo.
A cerimônia de filiação de Chalita contou com a presença de próceres do próprio PSB, como o deputado federal Ciro Gomes, e até de partidos de maior relevância que os anfitriões, como o PT. Todos os convidados derramaram-se em elogios ao vereador, que, em longo discurso, não escondeu a sua mágoa pelo tratamento que recebia dos tucanos, especialmente do chefe deles, o governador José Serra.
Chalita falou muito sobre ética e educação. Lamentou a falta de ambas entre seus antigos companheiros. Os novos adoraram a crítica. Entusiasmados, saudaram o recém-convertido socialista como uma força política capaz de renovar a estagnada cena paulista. Uma festança.
A adesão de Skaf aos socialistas foi bem mais modesta. Afinal, o líder do patronato paulista não carrega o caminhão de votos com o qual seu mais novo colega chegou à vida pública. Skaf já participou de eleições, mas nelas o universo de votantes foi muito menor - se bem que, para algumas pessoas, mais qualificado. De certa forma ele ainda é um neófito nesse campo.
Já há quem acredite que com tais reforços o PSB passe a figurar entre as principais forças políticas do Estado. Hoje, os socialistas paulistas são meros coadjuvantes. O problema é que esse tipo de filiação, oportunista de ambos os lados, dificilmente rende frutos saborosos - ou mesmo digeríveis.
Queiram ou não suas atuais lideranças, o Partido Socialista Brasileiro tem história. Como todas as agremiações políticas, certamente já abrigou em seus quadros arrivistas de todas as espécies. Essa, infelizmente, é uma prática comum nesse tipo de associação.
Mas essas duas recentes filiações parecem ser algo além da conta, mesmo para os socialistas menos ortodoxos.
Conciliar capital e trabalho é uma tarefa impossível para a esqualidez intelectual de Skaf. E acreditar numa virada ideológica de Chalita, o extremado amigo da família Alckmin, é o mesmo que elevar suas mais de 30 obras publicadas à condição de alta literatura.
Skaf e Chalita, como socialistas, são apenas dois alegres e ruidosos socialites.

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