quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O desespero dos colonizados


O Brasil pode conseguir na sexta-feira o feito inédito de ser sede de uma Olimpíada. A candidatura do Rio para os jogos de 2016 é considerada uma das favoritas. Se tudo der certo, o país patrocinará, no intervalo de dois anos, os maiores eventos esportivos do planeta, ambicionados por todas as nações e vistos por bilhões de pessoas - a Copa do Mundo de futebol de 2014 também será disputada em gramados brasileiros.
Vamos comemorar, então, o fato de que, finalmente, também nessa área, a de organização de encontros globais, que envolvem uma complicada e custosa logística, passamos a integrar o Primeiro Mundo?
Motivos há de sobra: afinal, uma Copa do Mundo e uma Olimpíada rendem ao país-sede bilhões de dólares em gastos diretos dos turistas que vão acompanhar in loco as competições, e milhões de empregos, necessários para erguer a infraestrutura, além de outros bilhões de dólares em publicidade e marketing - afinal, os meios de comunicação de todo o mundo estarão promovendo esse patrocinador. Sem contar, é claro, com o legado das obras construídas, especialmente nas áreas de mobilidade urbana e habitação.
Por essas e outras é que os Estados Unidos desejam que os Jogos Olímpicos de 2016 sejam em Chicago, da mesma forma que Espanha e Japão lutam para que Madri e Tóquio acabem escolhidas. Nenhum governante desses três países pensa num evento do porte de uma Olimpíada como fonte de prejuízos, mas sim de lucros.
A mesma ambição foi demonstrada pelo Brasil.
Há, porém, uma turma que acha o fim do mundo essa ideia de pensar grande, de querer se equiparar aos maiores, de melhorar a vida do povo, de divulgar o país para o planeta todo. Para essas mentes colonizadas, pequenas, tacanhas, Copa do Mundo e Olimpíada são coisas do Hemisfério Norte (a Austrália, claro, é exceção).
Os argumentos que usam para desqualificar o Brasil são de um simplismo atroz. Os mais comuns são: 1) o dinheiro a ser investido poderia ser gasto em outras finalidades mais urgentes (para dramatizar, usam, invariavelmente, a necessidade de construção de mais hospitais) e; 2) a corrupção correrá solta entre os organizadores.
No fundo, são argumentos de quem não tem argumentos.
Porque, na verdade, essas pessoas não se conformam é mesmo com o fato de que o país em que estavam acostumados a viver está deixando de existir. A cada dia que passa eles se sentem mais isolados, mais solitários, mais deslocados nesta terra que, a muito custo, tem aprendido a se erguer sem a ajuda de ninguém, a caminhar com suas próprias pernas e a construir seu futuro exclusivamente com suas forças.
Como todos os estrangeiros, sentem saudades do que ficou para trás.

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