O senador Eduardo Suplicy, num gesto típico daqueles que fazem da vida uma sucessão de gestos de sacrifício ao próximo, colocou o seu nome à disposição do PT para disputar o governo de São Paulo.
Como se sabe, o partido vive hoje dias de terrível dilema: lançará candidatura própria ou, como quer o presidente Lula, apoiará o deputado Ciro Gomes, do PSB, que ainda reluta em concorrer ao cargo de governador? E, se decidir ter candidato, quem será o escolhido, já que os nomes mais comentados - o prefeito de Osasco, Emídio de Souza, o deputado Antonio Palocci, o ministro da Educação, Fernando Haddad, e o deputado Arlindo Chinaglia - são fracos eleitoralmente? A ex-prefeita Marta Suplicy, nome mais consistente nas pesquisas, já falou que pretende, dessa vez, concorrer a um cargo legislativo.
Suplicy, que está há 16 anos no Senado, e cujo mandato está garantido até 2014, poderia ser a solução para o problema. É muito conhecido e tem uma base eleitoral forte.
Seria, se Suplicy não fosse Suplicy, que nos últimos tempos parece mais preocupado em jogar para a platéia do que fazer um trabalho sério na base de sustentação do governo.
Totalmente alheio à realidade atual do Brasil, o senador virou um pastiche dele próprio, movendo-se ao sabor das notícias dos jornalões, perseguindo alguns segundos na televisão.
Sua última performance no plenário fez a festa da imprensa ávida por gestos tresloucados: o cartão vermelho que deu a José Sarney tingiu de vergonha não o velho cacique maranhense, mas uma boa parcela do eleitorado que acreditava que Suplicy era uma ilha de integridade cercada por um mar de leviandades - para não dizer outra coisa.
Por essas é que não dá para levar a sério a sua oferta. Não se sabe, principalmente, se o candidato que disputaria a eleição com a bandeira do PT seria o Suplicy combativo, comprometido com as causas populares, que surgiu como uma esperança política anos atrás, ou essa triste figura que hoje age como caixa de ressonância dos mais obscuros desejos de uma oligarquia que pretende ver o país como simples quintal de sua mansão.
Esse Suplicy, que sopra nos ouvidos dos jornalistas e de interlocutores das lideranças do PT uma oferta aparentemente tentadora, está mais para um bicão de festa, aquele sujeito que não sabe de quem é o aniversário, mas não sai da fila do bufê.
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