Na excelente entrevista que deu ao Valor, o presidente Lula desdenhou do fato de as pessoas acharem que a ministra Dilma Rousseff, sua candidata em 2010, tem pouco carisma: "Quantos políticos têm carisma no Brasil? Se dependesse de carisma, Fernando Henrique Cardoso não teria sido presidente. Se dependesse de carisma, José Serra não poderia nem ser candidato. Carisma é uma coisa inata. Você pode aperfeiçoar ou não. Sempre é bom ter um pouco de carisma. O Jânio Quadros tinha carisma. Ficou só seis meses aqui". disse.
Sim, é fato que tanto FHC quanto Serra, se fossem disputar concurso de simpatia, um dos principais ingredientes formadores do carisma, ficariam na rabeira.
Sim, é fato que tanto FHC quanto Serra, se fossem disputar concurso de simpatia, um dos principais ingredientes formadores do carisma, ficariam na rabeira.
FHC, que engorda seus rendimentos com palestras pelo mundo afora sobre generalidades específicas - sua especialidade -, por dever de ofício ainda tem de sorrir - nem que esse sorriso não passe de um esgar dissimulado.
Já Serra nem disso é capaz. Sua expressão típica é um misto de casmurrice e tédio, seus modos são de um elefante numa loja de cristais, sua oratória provoca bocejos e seu jeito de governar assemelha-se ao do predador.
Beija as criancinhas como se isso fosse uma provação.
Mostra-se, em suma, como a antítese do político.
Apesar disso, Serra tem dado certo. Sua trajetória de homem público é invejável. Já foi secretário e ministro de Estado, deputado, senador, prefeito, governador do Estado mais poderoso da federação. Esteve em posições de destaque em todos os momentos da história recente do país. É líder de um grande partido, tem inúmeros seguidos, sempre é bem votado e há até mesmo quem veja nele traços de estadista.
É isso. De tanto exercitar seus defeitos, Serra acabou ficando com a cara exata da parte mais execrável do país.
E para as pessoas que compõem essa porção do Brasil, carisma é algo totalmente desnecessário.
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