quinta-feira, 20 de agosto de 2009

O PT descobre a vida

Como se esperava, o PT virou o saco de pancadas de todos os moralistas de plantão, a começar pela "grande" imprensa. Por ter defendido um aliado e se recusado a fazer o jogo dos adversários, o partido recebeu as mais ferozes críticas, até mesmo de alguns de seus próprios integrantes, como o senador pelo Paraná, Flávio Arns, um ex-tucano que fala em deixar a legenda - mas antes quer se certificar de que não perderá o cargo se tomar tal decisão.
O problema nesse episódio envolvendo o senador José Sarney é que fica difícil identificar alguém que realmente quisesse, com a sua deposição, mudar alguma coisa no Senado. O grito de "delenda Sarney" ecoado pelos Catões tupiniquins sempre soou como uma trombeta a anunciar não a chegada de um admirável mundo novo, e sim a trilha sonora de um "disaster movie".
Nas milhões de palavras ditas e escritas sobre a crise do Senado, poucas, muito poucas, se referiram ao que fazer num cenário pós-Sarney para tornar o "Museu de Horrores" um lugar ao menos habitável.
O que se viu foi apenas uma selvagem luta política tendo como centro o senador pelo Amapá e como alvo o presidente mais popular da história. O resto é perfumaria.
Num contexto desses, o que se poderia esperar do partido presidencial? Que simplesmente abandonasse seu principal aliado às feras?
Verdade é que vontade de alguns não faltou. Nem é preciso nominá-los - são sempre os mesmos, aqueles que dão a vida por alguns segundos na Globo, algumas linhas na Folha, que ainda não entenderam quem são seus inimigos.
Claro que o PT de hoje não é o mesmo de 20 e tantos anos atrás. Nem poderia ser.
O partido agora tem a responsabilidade de governar uma das maiores nações do mundo - e isso não é pouco.
Até o momento, com todos os erros que cometeu ao longo do processo, está se mostrando à altura do desafio - e isso não é pouco.
Alguém pode falar o mesmo, por exemplo, do PSDB e DEM-PFL, que quebraram o país três vezes, ou do P-Sol, que se diz de esquerda e se alia aos radicais da direita, com o único objetivo de derrotar um governo trabalhista, ou desse incrível PV, que abriga oportunistas de todos os naipes, mais interesados no verde dos dólares do que os das matas?
O PT de hoje, felizmente, perdeu a inocência. Da maneira mais dolorosa possível, está virando adulto. E como homem feito, comete e vai cometer muitos erros. Mas assim é o mundo real, cheio de cores, de sons, de cheiros, de mistérios, de perigos e armadilhas.
Bem-vindo à vida, PT!

Um comentário:

  1. Este seu texto é 10. Já é hora de juntar os cacos do vaso e nele reter água e fazer florecer novamente as flores.

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