Foto: Petrobras/Divulgação
Na segunda-feira, com toda a pompa exigida para a ocasião, o governo vai anunciar as regras para a exploração de petróleo da camada do chamado pré-sal. Já se sabe que a escolha recaiu sobre o modelo de partilha, pelo qual o produto extraído pertence à União, e as empresas que são contratadas para explorar o petróleo recebem em troca um pagamento, que pode ser em dinheiro ou com parte da produção.
Esse modelo é utilizado em grandes produtores de petróleo, como Nigéria, Líbia e alguns países do Oriente Médio. De acordo com especialistas, a vantagem desse sistema é a garantia de que parte do petróleo produzido permaneça no Brasil. Também será criada uma empresa estatal específica para o setor, e o dinheiro recebido pela União será destinado a um fundo social. A Petrobras terá a preferência na exploração, por ser uma empresa estatal, deter a tecnologia necessária e ter descoberto a nova fronteira exploratória.
Sérgio Cabral e Paulo Hartung, governadores do Rio e do Espírito Santo, campeões de royalties sobre a exploração do petróleo em mar, além de José Serra, de São Paulo, pensam em boicotar a cerimônia. Os primeiros dizem que seus Estados serão prejudicados como o novo modelo, e Serra afirma que está preocupado com o futuro, pois boa parte das reservas do pré-sal se encontra na Bacia de Santos - e ele quer assegurar que também ficará com seu quinhão.
O mais interessante nessa história do pré-sal é que ainda tem gente querendo que a riqueza que será produzida fique nas mãos das petrolíferas estrangeiras que fatalmente farão parte da cadeia produtiva. Entre esses, claro, encontra-se o bloco tucano-pefelista, o mesmo que, tempos atrás, quis até mudar o nome da Petrobras para Petrobrax, por achar que assim seria mais fácil vendê-la. Os entreguistas são sempre os mesmos.
O papel do fundo para onde irá grande parte dos recursos gerados pelo pré-sal é fundamental para o futuro do país. Segundo o presidente Lula, ele será voltado para a educação, a ciência e tecnologia e o combate à pobreza. Ele avisou que não atenderá pedidos para repassar o dinheiro do fundo para outros setores. "Se a gente pulverizar o dinheiro, vai entrar tudo no ralo do governo e não produziremos nada", disse. "Eu sonho que o Brasil consiga criar uma nova indústria petrolífera. Vejo a questão do pré-sal como uma possibilidade e sonho que, daqui 15 ou 20 anos, poderemos ter um país industrializado, socialmente justo e com uma grande parte dos brasileiros na classe média", afirmou.
Consciente da importância do anúncio que fará, Lula sabe que, a partir da semana que vem, aumentarão os lobbies, as pressões e a disputa política ficará ainda mais acirrada. "O jogo começa na segunda-feira. Estará feito o debate nacional. Aí ninguém segura. As coisas vão acontecer de forma rápida e quanto mais rápido a gente conseguir aprovar, melhor", disse.
É esperar para ver. Pelo menos, a mídia terá questões mais importantes para se entreter do que o suposto encontro da ex-secretária da Receita Federal com a ministra-chefe da Casa Civil e outros factóides desse tipo.
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