Foto: arquivo ABr
A campanha eleitoral para a Presidência ja está nas ruas, sem disfarces. Se Lula tem procurado exaltar, em todos os seus discursos, os bons números que consegue em seu governo, preferencialmente tendo ao seu lado a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, no bloco dos tucanos uma grande variedade de cabos eleitorais do governador José Serra procura entusiasmar os eleitores.
Essa tática, de não se expor diretamente, de deixar que os outros façam por ele o trabalho sujo, parece ser a preferida de Serra, que ainda disputa com o mineiro Aécio Neves a preferência do partido - embora todos saibam que o candidato será mesmo o paulista.
Nesse time de falastrões ocupam lugar de destaque alguns parlamentares do próprio partido, como o seu presidente, Sergio Guerra, e o líder no Senado, Arthur Virgílio, além de uma considerável força-tarefa de outras siglas. Jarbas Vasconcelos e Pedro Simon, ambos do PMDB, por exemplo, fazem parte dessa linha auxiliar tucana encarregada de levar adiante o projeto de reconquista do Palácio do Planalto.
Um dos mais novos integrantes da campanha tucana é o ex-presidente Itamar Franco, que ingressou no PPS, partido que também cerra fileiras no exército oposicionista (em São Paulo, a incrível Soninha é destaque da turma).
Durante algum tempo, Itamar esteve quieto, esquecido numa quase aposentadoria. De repente, fez-se o milagre: o político adormecido despertou repentinamente e desandou a falar, a falar e a falar, essencialmente uma algaravia sem nexo, mas com endereço certo: o presidente Lula.
Na última das cada vez mais frequentes entrevistas que tem dado, Itamar diz que Lula é a fonte de todos os males do Parlamento: "O presidente está interferindo indevidamente no Legislativo brasileiro. O que a gente começa a escutar nas ruas? 'Fecha o Parlamento! Para que o Senado?' O interessante é que não vão no núcleo central da crise, que é o presidente da República."
Na continuação, emendou: "O presidente se diz muito democrata, mas ele faz o mesmo que os militares (...) Naquela época, eles cassavam os deputados. O presidente ainda não chegou a esse absurdo. Não sei se até 2010 ele vai cassar.''
Itamar fez as declarações no Rio, depois de ser homenageado pela Câmara Municipal. Não falou só de política. Abordou outros temas, como a robótica, uma de suas preocupações atuais:
- Estamos caminhando para o plano da inteligência sintética. Dizem os cientistas, daqui a 20, 30 anos nós teremos a teoria da inteligência artificial. Eles (os robôs) são treinados e educados, mas podem de repente esquecer como foram educados. Aí eu lembrei daquele filme '2001 - Uma Odisseia no Espaço' (direção de Stanley Kubrick), em que o computador resolveu de repente não obedecer mais. Daqui a pouco vamos colocar robôs para pilotar carros, aviões. (Eles) Vão poder matar, jogar bombas."
Como se vê, Itamar ainda não acordou completamente do sono profundo em que esteve tanto tempo e ainda não consegue distinguir claramente o sonho da realidade.
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