terça-feira, 21 de julho de 2009

Três destinos

- Não são essas mentiras que vão me abalar. Parece que virei o vilão do Brasil. Sou um cara sangue bom, sou do bem. As pessoas que me conhecem sabem que eu não mudei a minha índole. Nunca tive interesse em lesar ninguém. Não tenho nada a ver com a morte do Michael Jackson, nem fui eu que trouxe a gripe suína para o Rio.
As palavras são de Romário, um dos maiores jogadores de futebol já surgidos no Brasil, que fez o desabafo no lançamento de sua biografia, no Rio. Romário responde a mais de 30 processos judiciais, desde falta de pagamento de pensão judicial até envolvimento em um esquema ilegal de pirâmide financeira. Perguntado sobre as suas dívidas, avaliadas em R$ 7 milhões, ele brincou:
- Se fosse só isso estava bom (risos). É brincadeira. Mas 80% das coisas que as pessoas estão dizendo não é verdade. O que faz parte da Justiça, vai chegar um momento que eu vou ter de pagar. Já o que não for verdade, o tempo irá dizer. Onde tem o Romário, existem estas coisas.
Outro personagem do mundo do futebol, o técnico Vanderlei Luxemburgo, também teve a sua vida particular dissecada pela imprensa nos últimos dias. Segundo a Folha, ele está com todas as suas contas bancárias bloqueadas no Brasil. Como Romário, Luxemburgo coleciona problemas com a Justiça.
Os dois têm em comum, além do fato de dedicarem suas vidas profissionais ao futebol e terem sido bem sucedidos nas carreiras que escolheram, serem de origem humilde, o que para muitas pessoas explica o fato de se darem mal fora do universo da bola. É como se fossem incapazes de fazer outra coisa além de chutar, driblar, treinar, ou se dedicar a atividades meramente físicas - ou com pouquíssimo ingrediente intelectual.
Romário e Luxemburgo fariam parte, então, dessa imensa legião de brasileiros para quem a ascensão social - e econômica -, em vez de ajudar, prejudica, já que eles não conseguiriam lidar com o sucesso. São muitos os que pensam assim: pobre deve continuar pobre o resto da vida, porque se tiver dinheiro não vai saber usá-lo.
Para contrariar quem acha isso surge, porém, outro personagem do mundo da bola, o badalado Kaká, um dos jogadores mais conhecidos em todo o mundo, filho de berço rico, hoje praticamente um europeu, representante da tal elite de olhos azuis destacada um dia pelo presidente Lula.
Pois não é que Kaká, com toda a sua formação de classe média alta, se não está tão enrolado com a Justiça quanto Romário e Luxemburgo, nem por isso deixa de cometer as suas tolices, como doar parte de sua fortuna para a igreja do picareta casal Hernandes, que cumpriu pena nos Estados Unidos por ter tentado levar para o país algumas dezenas de milhares de dólares escondidos numa Bíblia?
E Kaká conta ainda com a ajuda da mulher que, num vídeo constrangedor que circula na internet, diz que parte do dinheiro que o marido vai ganhar do Real Madrid será usado para montar uma filial da tal igreja Renascer na capital espanhola!
Romário, Luxemburgo e Kaká estão aí para provar que o homem é tanto produto do meio em que vive quanto de suas próprias escolhas.

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