Um grupo de senadores apresentou requerimento de voto de censura ao presidente Lula por declarações à imprensa em que ele criticou a oposição por criar a CPI da Petrobras e chamou os senadores oposicionistas de “bons pizzaiolos”. Onze senadores assinam o documento.
“As irresponsáveis declarações do presidente da República caracterizam um desserviço à democracia. Essas frases dele vão insuflando o povo e elevando para pior os erros que cometemos. A Casa está acima das pessoas que estão aqui”, disse o autor do requerimento, senador Cristovam Buarque (PDT-DF), ao apresentar o documento em plenário.
No voto, Cristovam diz que, com essas “palavras infelizes”, o presidente Lula “tenta a total desmoralização do Senado Federal, menospreza e diminui a atuação de todos os parlamentares”. O requerimento foi aceito pelo Mesa Diretora que encaminhará o documento para votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.
O discurso de Cristovam foi acompanhado por outros senadores que estavam em plenário. Para o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), o voto de censura é uma resposta a um mau comportamento do presidente Lula. “Esse requerimento mostra a nossa indignação. Estamos censurando o chefe do Executivo que não soube se comportar”, disse.
O voto será analisado na CCJ. Se aprovado, ele é encaminhado oficialmente ao presidente da República como um ato de repreensão a sua atitude. O voto de censura é um instrumento previsto no Regimento Interno da Casa para manifestar oficialmente descontentamento com determinada atitude pública tomada por uma autoridade. O voto tem caráter moral, sem outras consequências administrativas.
Vale lembrar que Cristovam Buarque foi demitido do cargo de ministro de Educação no primeiro governo de Lula. Desde então ele se tornou um feroz opositor do presidente.
No seu requerimento ele se refere aos "erros" cometidos pelo Senado. Instruído, Cristovam preferiu usar uma figura de linguagem para descrever, de modo mais suave, os fatos mais recentes revelados sobre a atuação do Parlamento.
Se fosse, porém, mais inteligente, Cristovam não teria imputado a Lula a intenção de desmoralizar, menosprezar e diminuir o Senado. Pois são o próprio senador e seus pares, e isso é fato notório, quem, cotidiana e incansavelmente, se encarregam de transformar a importante instituição numa casa muito mais que suspeita.
Se Lula quisesse levar a contenda adiante poderia, muito bem dizer: se a carapuça serviu, senador, faça bom proveito dela.
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