Todos sabem que a rádio Jovem Pan é um dos bastiões mais sólidos do pensamento (sic) neo-liberal. A emissora defende com extremado zelo os valores mais caros ao estrato pertencente ao topo da pirâmide social: tradição, família e propriedade são para ela palavras sagradas.
Volta e meia, com aquela voz grave que as ocasiões solenes exigem, um locutor da rádio propaga um texto denominado de "editorial", no qual variam os temas, mas o conteúdo é sempre o mesmo.
O último deles foi para mostrar que as isenções tributárias feitas pelo governo federal são insuficientes para livrar o brasileiro da sua insuportável carga fiscal. Segundo o locutor, o pobre cidadão deste país, apesar de toda a desoneração já feita, ainda tem de trabalhar 147 dias por ano apenas para pagar os impostos que este governo mau lhe impõe.
E, para tornar mais didática sua exposição, o locutor faz um paralelo: nos Estados Unidos, diz, trabalha-se somente 103 dias por ano para pagar os tributos.
O que o soturno locutor não fala, pois isso, é lógico, faz parte do manual desse jornalismo partidário praticado pela Jovem Pan e tantos outros veículos de comunicação deste país, é que essa pesada carga tributária brasileira, apesar de tudo sustenta um sistema público de saúde, que por pior que funcione, garante atendimento a todos os cidadãos, um sistema de previdência que assiste todos os trabalhadores formais, e o maior programa social do mundo, o Bolsa Família.
Nesse ponto, pelo menos, os Estados Unidos perdem de goleada para nós.
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