Volta e meia o programa Bolsa Família, vitrine do governo Lula e referência mundial na questão de inclusão social, sofre ataques. Muito já se falou sobre sua incapacidade de dar uma "vara de pescar" e não o peixe aos beneficiários e sobre o fato de que ele nada mais é do que um imenso curral eleitoral. Os argumentos são pobres e foram contestados em vários níveis.
O mais recente ataque ao Bolsa partiu do Tribunal de Contas da União, que apontou uma série de irregularidades no programa: mortos e pessoas eleitas para cargos políticos recebendo o auxílio, beneficiários donos de veículos importados.
Na mão dos inimigos do governo tais acusações são dinamite pura. Não à toa, a imprensa deu ampla repercussão a elas. A última referência foi do Estadão, cuja linha editorial não é segredo de ninguém:
"As principais restrições que sempre foram feitas ao Programa Bolsa-Família, do governo Lula, se referiam à chamada "porta de saída", isto é, como tornar seus beneficiários independentes do programa e introduzir, ou reintroduzir, no mercado de trabalho formal pessoas que se acostumaram a receber, sem nenhum esforço pessoal, um rendimento que, por menor que seja, cobre suas necessidades imediatas. A bolsa não induziria seus beneficiários a um sentimento de acomodação?
Agora, no entanto, surge um outro problema nesse programa, aliás, previsível, mas que era considerado antes de mínima relevância: a grande quantidade de fraudes detectada em auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU). Os números absolutos são impressionantes, mesmo que o porcentual fraudado não seja grande, se comparado ao volume de recursos empregados no programa (R$ 11,4 bilhões este ano) e à quantidade de beneficiários (11,1 milhões)", diz o início do editorial publicado na edição de hoje.
Anteriormente, em nota, o Ministério do Desenvolvimento Social já havia rebatido essas insinuações de que o Bolsa Família é uma nau sem rumo navegando num mar de desperdício. Claro que as explicações não tiveram o mesmo destaque que foi dado às denúncias do TCU.
O interessante de toda essa história é que, com as eleições presidenciais se aproximando, até mesmo a oposição já vê com outros olhos o programa. O mesmo Estadão noticiou que os tucanos deverão insistir, principalmente para o eleitorado nordestino, na versão de que pretendem não só continuar, como aperfeiçoar o programa - pois, como dizem, ele foi criado no governo FHC, embora, na época, não tivesse nenhuma relevância social.
Com todos os seus problemas, o Bolsa Família tem sido o ponto mais alto do governo Lula. Por isso merece tanta atenção dos oposicionistas. Em breve, até mesmo José Serra, que nunca disse uma palavra elogiosa ao programa, mudará de vocabulário. É ver para crer.
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