terça-feira, 12 de maio de 2009

Bonitinha, mas ordinária

De repente a imprensa vai esquecendo o último escândalo do país - a bola da vez foram os congressistas e suas viagens - e se concentra, num efeito manada, em outro assunto, a tal  "epidemia" de influenza A.
O que une os dois temas é a superficialidade com que são abordados pelos jornais - algo que se tornou, infelizmente, rotina no Brasil.
Esse fenômeno da pauperização da imprensa brasileira vem senso notado pelo menos há duas décadas, quando o país sentiu em cheio o colapso do sistema educacional e a ascensão dos valores ditos capitalistas neo-liberais - a eleição que consagrou Collor foi um divisor de águas.
Claro que essa derrocada da qualidade do jornalismo é algo muito complexo, com muitas causas. E que não aconteceu de uma hora para outra. Na verdade, foi um processo que asfixiou os sonhos de muitos profissionais que viam em seu ofício não apenas um trabalho, mas um meio de transformar o mundo. 
Ao contrário do que se poderia imaginar, o fortalecimento da democracia no Brasil foi um mal para a sua imprensa. Enfim livres para fazer o que quisessem, num novo mundo cada vez mais distante do controle estatal, as empresas começaram a cooptar os jornalistas que julgavam mais capacitados, por meio de altas recompensas financeiras, para a ideologia então dominante. 
E, também, para funções até então desconhecidas por eles - muitos deixaram de ser jornalistas para se tornarem executivos ou gerentes. 
O que se vê hoje no noticiário dos jornais, das revistas, das televisões, das rádios e nos sites da internet, com rarissimas exceções, é algo indigno de ser chamado de jornalismo.
São textos mal escritos, mal apurados, preguiçosos, sem ordenação lógica, de vocabulário parco, muitas vezes indicando que seus autores sequer conhecem o significado das palavras. Abusam dos chavões, fixam preconceitos, muitas vezes afrontam a ética.
E, o pior de tudo, mostram como os jornalistas são divorciados da realidade de um país que, ao lado de tantos defeitos - que eles procuram acentuar-, exibe virtudes raras - sempre ignoradas - para uma nação tão jovem. 

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