A Virada Cultural promovida pelos governos estadual e municipal de São Paulo, dizem os organizadores, foi um sucesso absoluto, com recorde de público e de atrações.
Têm razão, se forem olhados apenas os números.
Mas, como política cultural, qual a importância do evento? Qual o real benefício para a população essa maratona em que se misturam, sem nenhum critério, num apertado limite de tempo, tantas e tão diversas manifestações artísticas?
E o que falar então do impacto dessa massiva concentração de pessoas sobre a frágil estrutura urbana da cidade?
O fato é que, durante pelo menos uma semana, a Virada Cultural não sai do noticiário - que procura ressaltar apenas seus pontos positivos.
Neste ano, foram feitas algumas críticas mais contundentes, principalmente sobre as condições de higiene das ruas do Centro, depois que o esquema de sanitários químicos entrou em colapso, sobre o uso abusivo de bebidas alcoólicas, e sobre falhas no transporte público.
Essas críticas, porém, ocuparam menos espaço do que as inúmeras referências elogiosas ao comparecimento popular e à qualidade dos espetáculos.
É o que basta para os governantes de São Paulo.
Uma Virada Cultural por ano é, para eles, mais que o suficiente, muito mais importante do que desenvolver um trabalho sério e consequente na área cultural.
Pois afinal o que importa é sair bem na foto.
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