sexta-feira, 22 de maio de 2009

A luta de uma vida

"A  descoberta do petróleo no sítio de Dona Benta abalou o país inteiro. Até ali ninguém cuidara de petróleo porque ninguém acreditava na existência do petróleo nesta enorme área de oito e meio milhões de quilômetros quadrados, toda ela circundada pelos poços de petróleo das repúblicas vizinhas. Mas assim que irrompeu o Caraminguá 1 os negadores ficaram com cara d'asno, a murmurar uns para os outros: 'Ora veja! E não é que tínhamos petróleo mesmo?'"

"Mais sabão ou mais açúcar não influencia em nada a vida do país: enriquecerá uns tantos homens apenas. Mas petróleo, petróleo a jorrar de mil poços, gasolina a 200 réis, óleo combustível a 100 réis, influencia e tremendamente, pois equivale à maior das revoluções econômicas e ao começo do Brasil de amanhã - sadio, forte, poderoso."

"Precisamos de riquezas concretas. Petróleo e ferro. Conseguido isso, tudo mais nos virá natural e logicamente."

"Somos apenas uns 40 milhões de pobres diabos e nosso território vai a quase nove milhões de quilômetros quadrados. O subsolo desse território está virgem. Seus tesouros, intactos. No dia em que começarmos a mobilizá-los, teremos um dilúvio de angu. Os Estados Unidos tiram dum subsolo equivalente ao nosso mais de 100 milhões de contos por ano. Nós, que tiramos? Nada..."

"Quem olha para o mapa da América vê logo que a América é o grande continente do petróleo, de norte a sul, desde o Alasca até a Patagônia. E vê que praticamente todos os países da América já tiraram petróleo, menos o Brasil, que é o colosso em território que sabemos (...) Só o Brasil persiste na sua bobagem de duvidar. E no entanto, não existe no mundo país mais rico que o nosso em sinais superficiais de petróleo."

Os trechos acima foram retirados do livro "Monteiro Lobato, Furacão na Botocúndia", de Carmen Lúcia de Azevedo, Marcia Camargos e Vladimir Sachetta.
José Bento Monteiro Lobato foi um grande escritor, mas além de tudo, um dos maiores brasileiros de todos os tempos. Idealista, sonhador, revolucionário. Nacionalista extremado, se vivesse hoje seria considerado pelos reverenciados arautos do neo-liberalismo no mínimo uma figura excêntrica, deslocada no tempo, aquela pessoa a quem não se deve dar atenção, porque vai na contramão do pensamento dominante.
O que diriam figuras como Tasso Jereissaiti, Arthur Virgílio, Sérgio Guerra, Alvaro Dias, Demóstenes Torres e que tais sobre a cruzada que durou toda a sua vida em prol da modernização do país e em defesa da exploração de suas riquezas em benefício de todo o povo? 
Pediriram uma CPI para investigá-lo?

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