Na ânsia de criticar tudo quanto vem do Planalto e incensar tudo o que faz, o governador José Serra comete erros absurdos para o cargo que ocupa - e para o que pretende ocupar.
Num evento na capital paulista sobre o que vem sendo feito para combater a crise econômica global, Serra confundiu a sua sanha arrecadatória, que tem incomodado tradicionais apoiadores e levado ao desespero alguns setores empresariais, com medida anticíclica.
O que o governo de SP faz hoje é, sob o pretexto de apertar a arrecadação, simplesmente engordar o quanto possa os cofres públicos para, no momento exato, gastar a dinheirama a seu bel prazer, com obras vistosas a um eleitorado que se acostumou a julgar um administrador pelo tamanho das pontes, viadutos e que tais que manda construir - muitos deles com pedágios bem salgados, porque ninguém é de ferro.
Matéria publicada pelo Valor explica a estratégia:
"No momento em que os Estados refazem as contas em razão da desaceleração econômica e a indústria paulista estima queda de 5% na produção do ano, o governo de São Paulo prevê uma arrecadação extra de R$ 5 bilhões num período de 12 meses com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). O valor corresponde a três quartos da arrecadação mensal do imposto em São Paulo, quase um "décimo terceiro" para o Estado, que é dono da maior receita de ICMS do país.
As iniciativas são diversas: combate à sonegação por meio do programa da nota fiscal paulista e de uma inédita ampliação da substituição tributária, mudanças legais para restringir créditos do ICMS, ataque a incentivos de outros Estados e até quebra de sigilo bancário. Essa intensa agenda tributária, que dará ao governo paulista fôlego para manter investimentos e um superávit primário robusto nos próximos anos, tem sido cumprida à custa da indisposição de vários setores empresariais e de outros Estados com o governo José Serra."
Nada de novo para quem conhece o personagem em questão.
Aliás, no mesmo evento em que explicou a sua "contribuição" para que a crise termine logo entre nós, Serra mostrou que questões tributárias não são o seu forte, ao dizer que a baixa arrecadação da CPMF tem contribuído para a queda da receita federal.
A platéia, que pacientemente escutou o governador rasgar elogios a si próprio por quase uma hora e meia, não escondeu, num burburinho, seu espanto com a declaração: afinal, a CPMF não existe há mais de um ano - foi exterminada por pressão, justamente, do partido do governador, com a ajuda de outros tantos "patriotas".
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